sábado, 25 de fevereiro de 2023

FECHAMENTO DAS DROGARIAS ISALVO LIMA: BREVE ABORDAGEM SOCIOECONÔMICA E URBANA.

Imagem: redes sociais.
Recentemente quem transita pelo centro da cidade de Campos dos Goytacazes, mais especificamente pelo calçadão do Boulevard Francisco de Paula Carneiro, se surpreendeu com as portas fechadas da tradicional Drogaria Isalvo Lima. As drogarias Isalvo Lima, desde há alguns tempos, vêm enfrentando dificuldades na continuidade de suas atividades, o que levou ao fechamento de algumas outras unidades localizadas em outros pontos da cidade, com a instalação, inclusive, de outras unidades de redes de drogarias nestes mesmos espaços. O fechamento da loja do Boulevard, assim, representa um definitivo, pelo menos por enquanto, ponto final na histórica rede de drogarias de Campos dos Goytacazes. O encerramento definitivo das atividades da drogaria Isalvo Lima, consumado pelo fechamento da loja do centro histórico da cidade de Campos dos Goytacazes, reacende a discussão da degradação da referida região da cidade, o centro histórico. Já faz algum tempo que o fenômeno vem sendo observado e discutido, sendo motivo de preocupação por parte de setores da cidade. Diversas lojas já integrantes da paisagem do centro foram fechadas, processo esse agravado pela pandemia da Covid-19. 

O fenômeno de contração das regiões centrais de zonas urbanas já é objeto de estudo da geografia, notadamente por meio da disciplina de geografia urbana, há algum tempo. A intensificação dos problemas advindos da elevada aglomeração de serviços e pessoas, o alto nível de estresse provocado pelo trânsito denso, bem como a elevação de índices de violência e a tendente predominância de uma rede de serviços de uma economia considerada ilegal, como prostituição, nos períodos de suspensão das atividades do comércio legalmente reconhecido, como nos horários noturnos, resultou, em consequência, no abandono das regiões centrais enquanto locus de residência por parte das parcelas mais abastadas das cidades, levando-as a migrarem para as regiões periféricas das zonas urbanas, num fenômeno de alto segregação. O que contribuiu para desprestigiar tais localidades, inclusive, do ponto de vista comercial e econômico num sentido mais lato. Em Campos dos Goytacazes, por exemplo, ao mesmo tempo em que se observa o fenômeno da retração de seu centro histórico, assiste-se um outro fenômeno paralelo de adensamento de outras localidades, que passam a estabelecerem-se enquanto zonas comerciais de padrão, senão de alto luxo, mas mais elevado quando comparado aos que passam a predominar no centro histórico, de características notadamente popular. É o que já se observa há mais tempo na localidade da Pelinca, e, mais recentemente, no eixo da avenida Arthur Bernardes. 

O fechamento da Drogaria Isalvo Lima, no entanto, apesar dessa discussão mais geral, de conotação mais sócio urbano, joga o foco para outra questão: o que explica o fato de uma rede de drogaria já histórica, com lojas em praticamente todas as regiões comercialmente favoráveis da cidade campista, entrar em um processo irreversível de falência, enquanto se assiste uma indiscutível e vigorosa proliferação de outras redes de drogarias, todas filiais de redes nacionais ou regionais desse segmento? É um fenômeno que, certamente, merece ser melhor estudado! 

Em relação ao centro histórico, cumpre chamar a atenção do governo municipal para que adote medidas capazes de sanar a evidente retração dessa região enquanto zona economicamente viável, de modo promover uma simetria do desenvolvimento socioeconômico urbano, de modo a se reduzir as desigualdades regionais do município de Campos dos Goytacazes.      

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