A CRISE DO GOYTACAZ E A PERDA DO PATRIMÔNIO CULTURAL DE CAMPOS.

Não de hoje que Campos dos Goytacazes vem perdendo seu patrimônio cultural, sem que nenhuma ação, por parte da sociedade ou do poder público, seja tomada para impedir. Já ha algum tempo, recebemos a notícia no fechamento do Jornal O Monitor Campista, cuja fundação remonta aos tempos do Brasil império. Nos seus exemplares disponíveis no Aquivo Público, em Tócos, O Monitor Campista trás matérias do cotidiano da sociedade campista do século XIX. Ou seja, perdemos um patrimônio histórico! Mais recentemente, tivemos o fechamento da livraria Ao Livro Verde, livraria que é a mais antiga do Brasil. A livraria fechou, porque numa sociedade que não lê, como a nossa, manter livraria aberta é um desafio de magnitude gigantesca! Mas, para além do fato de ser grave não ser economicamente viável a manutenção de livrarias no Brasil, em função do que isso significa, o fato que a livraria Ao Livro Verde ainda apresentava um motivo a mais pelo qual deveríamos buscar salvá-la, em função do valor histórico e cultural que representara. Mas, não houve movimento de verdade para salvar, além de uns atos quase que isolados. O governo municipal, que tanto recurso e energia destina para outros fins, não se dignou a mover uma palha para evitar seu fechamento. 

Há tempo também que se observa as dificuldades no segmento esportivo de nossa região. Perdemos o Clube de Regatas Rio Branco, cujo estádio cedeu lugar para a construção de aparato comercial, em Guarus. Mais recentemente, o Americano Futebol Clube teve que se desfazer de seu estádio, localizado em uma das  regiões mais valorizadas da cidade, no parque Tamandaré, cedendo espaço para a especulação imobiliária. O Americano teve que perder seu estádio em função de dificuldades financeiras, vítima do descaso. 

Agora, a bola da vez é o Goytacaz Futebol Clube. Também atolado em dívida e, possivelmente, em função de administração equivocada, já há tempos que o Goytacaz não vem apresentando rendimentos nas competições esportivas, tendo sofrido com rebaixamentos por diversas vezes. Agora, em mais um tiro de misericórdia, vem a notícia de que o Goytacaz também poderá perder seu estádio, o Aryzão da rua do Gás. É a pressão financeira, mas também, pressão econômica, decorrente da especulação imobiliária, naturalmente ávida por lucrar com a venda do terreno, para a implantação de área residencial ou comercial. E, novamente, nenhuma ação por parte do poder público para salvar o Goytacaz! É fato que, caso venha a perder seu estádio, é quase que certo o final do próprio Clube, conforme já aconteceu com os outros clubes de futebol da cidade! Onde está o Rio Branco? Onde está o Americano? Mas, enquanto o poder público dá de ombros, uma parcela da sociedade, os torcedores do clube, estão tomando iniciativa no intuito de salvar o Goytacaz. Um movimento foi criado, e um ato está marcado para o próximo dia 8 de junho, próximo sábado, às 10 horas, em frente ao estádio Ary de Oliveira e Souza, na rua do Gás. É importante que não só os torcedores do clube se mobilizem, mas também outros segmentos da sociedade campista abrace essa iniciativa, porque, para além da rivalidade esportiva, a perda do Goytacaz, a perda do Aryzão, representa mais uma perda do patrimônio cultural de nossa cidade!      

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