terça-feira, 18 de abril de 2023

AUXILIARES DE SECRETARIA DA SEDUCT SE MOBILIZAM PARA A REPARAÇÃO DE INJUSTIÇA HISTÓRICA!

Servidores Auxiliares de Secretaria da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia - SEDUCT, de Campos dos Goytacazes, se reuniram na tarde desta terça-feira (18) no sindicato da categoria, Sindicato dos profissionais Servidores Públicos Municipais de Campos dos Goytacazes - SIPROSEP. Os servidores municipais possuem, em conjunto, pautas que os unificam na luta. Destaca-se aqui a pauta das perdas salarias sofridas, que perfazem cerca de 46%, ao longo de oito anos de falta de reajuste inflacionário. No entanto, as diversas categorias possuem especificidades, que são legítimas. No caso dos auxiliares de secretaria em específico, existe uma pauta que, no limite, agrava as perdas salarias. A categoria foi inequivocamente preterida em relação às demais, de outras secretarias. Enquanto as demais categorias de atribuições administrativas da prefeitura, que conforme concurso público de 1996, possuiam como requisito de admissão a escolaridade de ensino fundamental completo, de modo semelhante aos auxiliares de secretaria, posteriormente obtiveram readequação de escolaridade, e de vencimentos. Os auxiliares de secretaria, assim, ficaram excluídos dessa readequação, acarretando assimetrias em suas faixas de salário. 


 

A categoria, assim, iniciou mobilização para a reparação dessa inequívoca injustiça! Tal mobilização iniciou-se pela eleição de uma comissão representativa, que atuará juntamente ao SIPROSEP, que atuará, por sua vez, no sentido de organizar a luta da categoria e dar-lhe voz junto ao governo municipal. 

Sigamos na luta, porque só a luta muda a vida!    




sexta-feira, 14 de abril de 2023

COMUNIDADE DE RIBEIRO DO AMARO, EM CAMPOS, SOFRE COM CERCEAMENTO AO DIREITO DE IR E VIR POR PARTE DA AUTOPISTA FLUMINENSE.

Um dos objetivos deste blog é poder dar voz à população. Os setores populares são, via de regra, alijados da possibilidade de fazerem-se ouvidos em suas demandas e forma de olharem as tecituras das tramas sociais.

Recebemos por parte da comunidade da localidade de Ribeiro do Amaro, localidade situada nas proximidades da primeira praça de pedágio, do trecho norte da BR 101 em Campos dos Goytacazes. Uma situação que se configura como um inequívoco cerceamento à liberdade de ir e vir, tão propagado pelas classes dominantes e a mídia! Mas parece que quando é para a manutenção dos lucros exorbitantes do Capital, o direito de ir e vir deixa de ser um direito e passa a ser, também, mercadoria. E pior, um comércio tornado viável pela exploração de um bem construído com recursos do Estado, que é a rodovia! Não bastasse a precariedade do transporte público urbano no município de Campos, o acinte da cobrança de pedágio para uma população que obrigatoriamente tem que trafegar pela localidade configura-se como um impedimento ao exercício do mais básico dos direitos! 

Fica aqui a cobrança às autoridades para que se mobilizem no sentido de dar solução a esse absurdo!


quarta-feira, 12 de abril de 2023

SERVIDORES MUNICIPAIS REALIZAM ASSEMBLEIA GERAL PARA DELIBERAR SOBRE PAUTA DE REAJUSTE SALARIAL.

Os servidores municipais de Campos dos Goytacazes realizaram no dia de ontem (12), sua assembleia geral. A categoria deliberou sobre a pauta de reposição salarial. Uma pauta que já perdura há oito anos! São oito anos de falta de reposição inflacionária, com perdas acintosas em seus salários, em razão de corrosão inflacionária! Dos oito anos de falta de reajuste, três já são do atual governo: Wladimir Garotinho! O prefeito playboy, dublê de Popstar, enquanto encena no verão no Farol de São Tomé, subindo em trio elétrico e tirando selfies com a população, dá sua inequívoca cota de contribuição para a mirabilidade dos servidores municipais, contribuindo, em extensão, para a degradação do serviço público. Porque ninguém trabalha por esporte, e mesmo em que pese o compromisso dos servidores municipais, é inegável que a deterioração das condições a uma sobrevivência digna impacta a qualidade dos serviços públicos prestados! Ao longo destes oito anos, servidores foram usurpados na sua dignidade de sobrevivência! Muitos servidores, principalmente os já aposentados, tiveram suas vidas literalmente ceifadas em função de uma decisão política, que foi submetê-los à penúria da falta de condições de manutenção do mais básico dos direitos, que é o direito a um salário em condições de prover sua subsistência! Um claro  descumprimento do estatuto dos servidores municipais!

Esse ano o prefeito acena para mais um ano sem reposição salarial! Será que o objetivo é deixar para anunciar reajuste salarial apenas no ano que vem, na busca de utilizar os servidores públicos municipais como gado eleitoral? 

Não iremos aceitar sermos feitos de currais eleitorais! Nossa luta está só começando!     

SERVIDORES MUNICIPAIS TÊM DECISÃO JUDICIAL RECONHECENDO DIREITO AO PCCS

A luta dos trabalhadores e de seu instrumento de luta por excelência, os sindicatos, é eminentemente política. Isso porque as decisões que atingem a vida dos trabalhadores, seja por parte do empresariado, a clássica burguesia, seja as decisões por parte do Estado, o principal comitê da classe burguesa, são decisões que são tomadas tendo como fundamentação a manutenção das relações sociais no nível em que estão. Ou seja, elas objetivam a manutenção dos trabalhadores enquanto classe alijada da propriedade dos meios de produção, e com baixos salários a fim de poderem garantir a manutenção da taxa de lucro. O principal objetivo, assim, é poder postergar uma tendência que está na essência do modelo socioeconômico capitalista: a queda tendencial da taxa de lucro do Capital. O Estado, enquanto principal aparelho de ação para a garantia dos interesses das classes dominantes, tem, enquanto princípio a orientar essas ações, implementar políticas públicas cujo objetivo é viabilizar a manutenção das classes dominantes enquanto tal. Daí as políticas de austeridade financeira, cujo objetivo explicitamente confessado é poder garantir as taxas de transferência dos recursos públicos para o Capital, notadamente da esfera financeira. A luta dos trabalhadores, assim, é eminentemente política! No entanto, é imperioso lançarmos mãos de todos os instrumentos de luta disponíveis, além da clareza sobre quais desses instrumentos se apresentem como os mais adequados no contexto específico! O recurso ao judiciário é um desses instrumentos!

Em 2014 o SIPROSEP, por meio de seu corpo jurídico, entrou com Ação Civil Pública requerendo que a Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes observasse e cumprisse o direito dos servidores municipais à progressão horizontal e promoção vertical, prevista no Plano de Cargos, Carreira e Salário dos servidores. 

Em março deste ano obtivemos decisão judicial favorável, reconhecendo e determinando que a Prefeitura Municipal cumpra com o direito dos servidores municipais à progressão e promoção, conforme o PCCS. Importante ressaltar que os percentuais que em breve teremos acrescidos em nossos salários, decorrentes dos progressões e promoções, ajudarão a aliviar a erosão que os servidores vêm amargando devido aos oito anos sem reajuste salarial!

É vitória dos servidores municipais!        

 

terça-feira, 11 de abril de 2023

Fazendeiros certificam terras do tamanho de Vitória dentro de áreas indígenas em 2023.

 

Imagem: apública.

Por: 

Bruno Fonseca, Rafael Oliveira
 


 

Trinta fazendas foram certificadas dentro de terras indígenas no Brasil nos primeiros três meses deste ano. O número, resultado de um levantamento inédito feito pela Agência Pública, revela que essas propriedades privadas ocupam cerca de 9 mil hectares de áreas indígenas — aproximadamente o tamanho do município de Vitória, capital do Espírito Santo.

A certificação é o nome dado para o registro dessas terras junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), do Governo Federal. Ela é feita digitalmente no Sistema de Gestão Fundiária (Sigef) desde 2013. Certificar uma terra no sistema é uma etapa para se registrar um imóvel rural nos cartórios, para conseguir financiamento rural, dar entrada em licenciamento ambiental ou desmembrar e lotear a área.

A maior parte das fazendas cadastradas dentro de terras indígenas está no Mato Grosso do Sul. Os povos mais afetados são os Terena e os Guarani e Kaiowá, que ainda esperam a homologação de parte de suas terras pelo Governo Federal.

Foi o governo de Jair Bolsonaro que liberou a certificação de fazendas dentro de terras indígenas ainda não homologadas. Isso ocorreu por meio da Instrução Normativa nº 9, de abril de 2020, publicada pela Funai (que na época tinha o nome de Fundação Nacional do Índio). A revogação imediata da instrução foi recomendada pelo Grupo Técnico de Povos Indígenas no relatório apresentado ao gabinete de transição de Lula, no final de 2022, mas ainda não ocorreu.

O processo de demarcar terras indígenas funciona como uma espécie de escada: a homologação — que cabe ao presidente —  é o penúltimo degrau; depois dele, só é preciso obter o registro definitivo. As terras não homologadas são aquelas que ainda não chegaram nesses dois últimos degraus e podem estar em diferentes lances da escada: como em estudo, identificadas ou declaradas. Ao permitir a certificação de fazendas nessas áreas, Bolsonaro ignorou a existência dessas etapas, tirando a proteção que essas terras tinham contra invasores, grileiros etc. Em todo o seu governo, o ex-presidente tampouco  homologou algum território.

No fim de janeiro de 2023, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, assinou um ofício determinando a revogação da medida da Funai de Bolsonaro, segundo revelou reportagem da Folha de S. Paulo. No mesmo dia, contatada pela Pública, a assessoria do ministério confirmou a determinação, mas explicou que a revogação dependia da própria Funai, que deveria “assinar nos próximos dias”. Passados mais de dois meses, a Funai, comandada por Joenia Wapichana, ainda não publicou a revogação — o que permite que fazendas continuem sendo cadastradas em cima dessas terras.

A Pública questionou a Funai do porquê a instrução não ter sido derrubada, se há prazo para a revogação e se as certificações feitas ao longo dos últimos anos serão revistas. O órgão não respondeu à reportagem até a publicação.

 

Terras Indígenas no Mato Grosso do Sul são as mais afetadas por fazendas

Das 30 fazendas que conseguiram a certificação no Incra em cima de áreas indígenas, 13 estão no Mato Grosso do Sul. Elas ocupam juntas uma área de 7,8 mil hectares e passam por seis terras indígenas que ainda esperam a homologação.

A terra Dourados-Amambaipeguá I, onde vivem os povos Guarani e Kaiowá, é a mais afetada, com 2,7 mil hectares tomados por registros de fazendas. A área tem um histórico sangrento de conflitos: em 2016, foi palco de um ataque de fazendeiros e pistoleiros que ficou conhecido como o Massacre de Caarapó, quando o agente de saúde indígena Clodiodi Aquileu, de 23 anos, foi assassinado. Outros seis indígenas, inclusive uma criança, foram atingidos por disparos e ficaram gravemente feridos. Muitos carregam os projéteis alojados em seus corpos até hoje. O ataque foi uma resposta dos fazendeiros a uma retomada de fazenda na área reivindicada pelos indígenas.

Segundo a Pública apurou, a fazenda Jaguari é a que mais tem áreas dentro da terra Dourados-Amambaipeguá, ocupando mais de 1,5 mil hectares (o equivalente a dez vezes a área do Parque Ibirapuera em São Paulo). De acordo com os registros do Incra, ela foi submetida ao sistema federal em 2021 — depois de a Funai de Bolsonaro retirar a proteção às terras indígenas. Após diversos pedidos de retificação e desmembramento da terra, a fazenda foi finalmente certificada no segundo dia de janeiro deste ano.

Um dos sobreviventes do Massacre de Caarapó, Simão Kaiowá relata que dezenas de fazendeiros seguem ocupando a região. “São pequenos produtores que vivem pressionando a cabeça dos parentes para arrendar as terras. E aí os parentes que não são da luta acabam aceitando. Das nove retomadas, só três não têm arrendamento”, explica.

Coordenador da Aty Guasu, a assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani, e membro da coordenação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Simão tem negociado em Brasília o avanço da demarcação de várias terras indígenas no entorno de Dourados, região que coleciona casos de violência contra os povos tradicionais. A Dourados-Amambaipeguá I encontra-se na fase de resposta às contestações apresentadas à Funai, processo que ele espera que seja finalizado nos próximos meses.

Além do Mato Grosso do Sul, a reportagem encontrou fazendas que foram certificadas em terras indígenas em 2023 nos estados do Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina, Pará e Rio Grande do Sul.
 

 

Grupo agropecuário de SP certificou fazendas em área reivindicada por indígenas no Mato Grosso

Cercada pelas plantações de soja do município de Brasnorte, no noroeste de Mato Grosso, a Terra Indígena Menku foi tomada por fazendas desde que a Funai de Bolsonaro liberou o registro de imóveis privados. Em 2020, a Pública mostrou que havia 142 fazendas dentro da área disputada pelos Myky, que cobriam quase toda a terra indígena.

No fim do governo Bolsonaro, a terra indígena perdeu ainda mais proteção: em novembro do ano passado, o então ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, desaprovou a identificação da terra, que havia sido encaminhada pela Funai. A decisão não tem precedentes, já que o habitual no ministério sempre foi aprovar a identificação, tornando a terra “declarada”, ou encaminhá-la de volta para a Funai para que novas diligências fossem feitas. Com o ato de Torres, feito sob a justificativa de “decadência da possibilidade” de revisar a primeira demarcação, o processo teria que recomeçar do zero. Na prática, a canetada de Torres excluiu a terra dos Myky do mapa – na analogia do processo demarcatório, ela foi derrubada da escada.

A decisão de Torres é apontada como “uma vitória para os fazendeiros” pela liderança indígena Tupy Myky. “De 2020 pra cá, a gente tem sofrido pressão, preconceito, [questionamentos] contra a ampliação da terra. Pros fazendeiros voltou tudo ao normal, hoje eles podem pegar empréstimos do banco, fazer aumento de lavoura, melhoramento ou desmatamento de área ou plano de manejo”, afirma. Os Myky estão pedindo audiência com o atual ministro da Justiça, Flávio Dino, para reverter a decisão. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), que assessora o povo indígena no processo, entrou com recurso contra a decisão e espera que ela seja revertida.

Após a canetada, ainda mais fazendas foram certificadas na área neste ano, já durante o governo Lula. A Pública apurou que sete imóveis foram certificados apenas nos três primeiros meses de 2023. Juntos, eles cobrem 12,5 mil hectares, cerca de 9% da área que os indígenas tentam demarcar.

Três fazendas são as principais a ocupar a terra dos Myky: Chapadão, Santa Lúcia e Siqueira. Juntas, elas têm 11,7 mil hectares registrados dentro da área indígena. A Pública descobriu que todas elas passaram para o nome da Siqueira Empreendimentos e Participações em 2023 no sistema do Incra.

A firma, que tem capital social na Receita de mais de R$ 233 milhões, é uma gestora de grandes empresas agropecuárias. No grupo, está a Cantagalo General Grains, que produz commodities como soja e milho. A Siqueira Empreendimentos e Participações está registrada em São Paulo, em uma área nobre de escritórios próximo ao bairro da Vila Olímpia.

A reportagem procurou a empresa por telefone e e-mails de contato do grupo, que ainda não respondeu.

Parte da terra Menku já está homologada desde 1987, mas o processo foi questionado pelo povo Myky, que aguarda há anos um reestudo que pode adicionar mais 146 mil hectares ao território, atualmente de 47 mil hectares — é nessa área que estão as fazendas certificadas em 2023.


Medida da Funai de Bolsonaro foi celebrada por ruralistas e criticada por indígenas

À época de sua publicação, em abril de 2020, a Instrução Normativa nº 9 foi celebrada pelo então presidente da Funai, Marcelo Xavier, e pelo ruralista Nabhan Garcia, que era secretário especial de Assuntos Fundiários do governo. A norma foi publicada na mesma semana em que o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (hoje deputado federal pelo PL-SP), falou em aproveitar a pandemia para “passar a boiada”.

A partir da instrução, fazendas puderam ser certificadas e registradas em cima de terras indígenas não homologadas no Sistema de Gestão Fundiária (Sigef) federal. A certificação e o registro de terras é um passo importante para fazendeiros conseguirem financiamento rural, dar entrada em licenciamento ambiental ou desmembrar e lotear a área, já que o registro atesta que a fazenda não incide em território indígena.

Além do grupo de trabalho de povos indígenas do Gabinete de Transição, a revogação da norma vem sendo defendida desde a sua publicação por organizações como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a Indigenistas Associados (INA), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o Instituto Socioambiental (ISA) e o Instituto Tanaloa.

Duas reportagens da Pública já investigaram os efeitos das certificações autorizadas pela instrução da Funai em diferentes terras indígenas ao redor do país.

Em maio de 2020, revelamos que o governo Bolsonaro havia certificado 42 fazendas de maneira irregular, antes mesmo da publicação da normativa. Depois que a instrução passou a valer, houve um boom: em menos de 30 dias, foram 72 novas. Ao todo, as fazendas certificadas até aquele momento ocupavam 250 mil hectares de 12 terras indígenas, habitadas por dez etnias. Os territórios mais afetados estavam no Maranhão.

À época, lideranças indígenas ouvidas pela reportagem apontavam que a medida iria provocar um aumento nos conflitos no campo. A previsão se confirmou nos anos seguintes, segundo os relatórios “Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil” de 2020 e 2021, publicados pelo Cimi, que registraram aumentos nos casos de violência patrimonial, de invasões e de violências contra indígenas.

Em julho do ano passado, nova reportagem da Pública revelou que 239 mil hectares de 415 fazendas estavam certificados dentro de terras indígenas — o equivalente a duas vezes o município do Rio de Janeiro. Algumas delas incidiam 100% dentro de áreas indígenas. O estado mais afetado — com 138 mil hectares de fazendas — seguia sendo o Maranhão.

Logo após a publicação da instrução da Funai, membros do Ministério Público Federal (MPF) em várias partes do país começaram a se mobilizar contra a medida. Até a publicação da reportagem no ano passado, 29 ações judiciais em 15 estados haviam sido movidas. Entre sentenças e decisões liminares, a medida havia sido derrubada em 13 estados. A despeito disso, inúmeras certificações feitas com base na instrução continuavam válidas.

Ouvido pela Pública em julho de 2022, o procurador da República Ricardo Pael, o primeiro a mover uma ação civil pública para derrubar a normativa, falou sobre os efeitos da medida. “Houve um acréscimo significativo das invasões às terras indígenas, e esse foi um dano mais palpável e mais imediato aos povos indígenas. Acabou sendo um grande incentivo para invasões e para o aumento da exploração ilegal, tanto madeireira quanto garimpeira”, apontou.


Prestes a completar 100 dias, governo Lula ainda não derrubou algumas medidas de Bolsonaro

A instrução que liberou a certificação de fazendas nas terras indígenas não é a única medida bolsonarista que segue de pé no governo Lula, contrariando a recomendação de revogação imediata feita pelo grupo de trabalho dos povos indígenas.

No mês passado, reportagem de O Joio e o Trigo mostrou que a Instrução Normativa Conjunta nº 1, editada em fevereiro de 2021 por Funai e Ibama, continua válida. A norma permite a exploração agropecuária dentro de terras indígenas em parceria com não indígenas. A manutenção da normativa foi criticada por organizações como a Apib e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) em notas. O governo federal se comprometeu nesta semana a revogar a medida.

Também seguem vigentes o Decreto 10.965/2022, que criou o licenciamento automático do aproveitamento minerário — e que incide em terras indígenas — e o Parecer 001/2017, da Advocacia-Geral da União (AGU) no governo Michel Temer (MDB), que acolheu a tese do marco temporal. O parecer atualmente está suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF), aguardando o julgamento do caso do marco temporal, previsto para acontecer nos próximos meses.

Outra recomendação prioritária do grupo de trabalho ao Governo de Transição, a homologação de 13 terras indígenas nos primeiros 30 dias de governo também não ocorreu até o momento. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, a ministra Sonia Guajajara falou que as homologações seriam assinadas “nos 100 primeiros dias”. A data que marca os 100 dias é a próxima segunda-feira, dia 10 de abril.

Por outro lado, o governo Lula revogou em janeiro a Instrução Normativa Conjunta nº 12, de outubro de 2022 pela Funai e pelo Ibama, que regulamentava a exploração de madeira em terras indígenas. Também foi revogado o Decreto 10.966/2022, que instituia o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Mineração Artesanal e em Pequena Escala e a Comissão Interministerial para o Desenvolvimento da Mineração Artesanal e em Pequena Escala. Na época, o decreto foi questionado por parlamentares e apontado como uma medida para favorecer garimpeiros na Amazônia Legal. Na primeira semana de abril, a Funai também revogou uma resolução que definia “critérios de heteroidentificação” para avaliar a autodeclaração de identidade dos povos indígenas.

OS DESAFIOS PARA A ESQUERDA.

 

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