terça-feira, 16 de dezembro de 2025
segunda-feira, 8 de dezembro de 2025
Saldo da balança comercial da China mostra o sucesso de um país que optou por rejeitar os papeis da Divisão Internacional do Trabalho.
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| Imagem: Paulo Gala / Economia e Finanças. |
A chamada “supremacia chinesa” não nasce apenas do volume de exportações, mas de uma estratégia que integrou investimento maciço em infraestrutura, incentivos industriais, educação técnica e inovação, criando um ecossistema produtivo capaz de operar com eficiência em praticamente todas as etapas da cadeia global. Ao contrário de nações que se contentaram em ocupar posições periféricas na Divisão Internacional do Trabalho, a China construiu deliberadamente sua ascensão, combinando pragmatismo político e ambição geoeconômica.
O superávit gigantesco simboliza esse movimento, pois revela que a China conseguiu transformar seu potencial produtivo em capacidade de ditar ritmos e padrões no comércio mundial. Cada contêiner que sai de seus portos reflete décadas de investimentos em manufatura avançada, logística integrada e políticas industriais que não se deixaram constranger por dogmas de mercado. É esse arcabouço que permite ao país avançar na transição para setores de alta complexidade — como semicondutores, energia renovável e veículos elétricos — mantendo competitividade mesmo diante de tensões comerciais e tentativas de contenção por parte de potências ocidentais.
Além disso, o acúmulo de superávits reforça o poder financeiro chinês, garantindo reservas cambiais colossais que servem não apenas como colchão de estabilidade, mas também como ferramenta de projeção internacional. Em outras palavras, o saldo comercial não é um fim em si, mas parte de um mecanismo que amplia a margem de manobra da China no tabuleiro geopolítico, permitindo-lhe desafiar estruturas tradicionais de poder.
Para muitos países, especialmente em desenvolvimento, o contraste é evidente: enquanto alguns aceitaram passivamente o papel que lhes foi atribuído, a China reescreveu sua própria trajetória. O superávit trilionário é, portanto, mais do que um indicador econômico — é a prova de que um Estado capaz de articular visão estratégica, planejamento e soberania política pode alterar a própria posição na hierarquia global.
Se existe hoje uma supremacia chinesa, ela não nasce da retórica, mas desses resultados concretos que se acumulam ano após ano, mostrando que o século XXI tem, cada vez mais, um centro de gravidade deslocado para o Oriente.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
O espetácula da Guerra entre os Poderes da República e uma platéia de não cidadãos.
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| Imagem: Nexo Jornal |
A noção de “não cidadão” não significa ausência de documentos ou de identidade legal. Significa algo mais profundo: a exclusão material e simbólica do povo das decisões que moldam seu destino. Trata-se de uma cidadania mutilada que só se manifesta no instante do voto, mas é silenciada no intervalo entre eleições, quando as elites travam suas batalhas privadas dentro das instituições públicas. Nas disputas por cargos, emendas, prerrogativas e blindagens, o povo é sempre o ausente — e, ao mesmo tempo, o maior afetado.
Essa condição de não cidadania se expressa de diversas formas. Aparece na falta de participação social real, reduzida a audiências públicas meramente protocolares. Manifesta-se na incapacidade das instituições de responder às necessidades elementares da população enquanto respondem rapidamente aos interesses dos grupos que as ocupam. E revela-se, sobretudo, no distanciamento emocional, no desencanto generalizado e na convicção crescente de que “nada muda”. Quando a política se torna um campo exclusivo das elites, a população deixa de se enxergar como sujeito histórico e passa a atuar apenas como espectadora — muitas vezes indiferente, outras vezes resignada.
O conflito permanente entre os poderes da República, vendido como crise institucional, é na verdade o reflexo dessa ruptura mais profunda. O que deveria ser sistema de freios e contrapesos virou disputa por território, por domínio e por sobrevivência das elites que se protegem e se enfrentam conforme a conveniência do momento. O Legislativo age para ampliar seus privilégios e enfraquecer o controle externo; o Executivo tenta esticar suas margens de ação em nome da governabilidade; o Judiciário, por sua vez, reivindica protagonismo político quando a ordem constitucional parece ameaçada. Nada disso tem relação direta com o cotidiano do povo, mas tudo isso molda sua vida.
O drama central está no fato de que, enquanto as elites guerreiam, a sociedade se acostuma à condição de plateia. Passiva, observa o país ser redesenhado sem sua participação — e por vezes sem sequer compreender em que medida essas disputas afetam sua própria existência. É a naturalização da exclusão: quando se espera tão pouco da política, a política se permite entregar cada vez menos.
O desafio, portanto, não é apenas resolver a crise entre os poderes, mas reconstruir o próprio sentido de cidadania. Significa fazer com que as pessoas deixem de ser espectadoras da história e retomem seu papel de protagonistas; que a participação não se limite ao voto, mas se expanda para mecanismos efetivos de controle social, deliberação pública e democratização do Estado. Só assim a guerra das elites deixará de definir o destino do país. E só assim o Brasil poderá superar essa longa era em que cidadãos foram transformados em não cidadãos — e em que o futuro nacional se tornou palco exclusivo de poucos, assistido pela maioria em silêncio.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2025
Os atos de Davi Alcolumbre são reflexos de um Congresso acostumado a presidentes da República biônicos.
O bolsonarismo, apesar do respaldo eleitoral de 2018, rapidamente produziu um governo incapaz de exercer liderança política real. A ausência de projeto, a conflituosidade permanente e a incapacidade de construir coalizões transformaram o Executivo numa espécie de ente tutelado, fragilizado, cativo de interesses parlamentares. O chamado “presidencialismo de delegação”, no qual Bolsonaro terceirizou a condução do país ao centrão, permitiu ao Congresso recuperar — e ampliar — uma lógica que remete às práticas autoritárias da ditadura: a sensação de que o Legislativo pode tudo, e o presidente, quase nada.
Nesse ambiente, figuras como Davi Alcolumbre florescem. Sua atuação recente — travando votações, condicionando sabatinas, distribuindo poder em trocas opacas — não é mero capricho pessoal. É o produto de um arranjo que fez do Senado um centro de controle informal do Executivo, sobretudo durante um período em que o presidente da República dependia quase inteiramente da boa vontade dos caciques parlamentares para sobreviver politicamente.
O governo Bolsonaro, ao abdicar das responsabilidades típicas de um chefe de Estado e de governo, deixou um vazio que o Congresso preencheu com voracidade. A normalização dessa hipertrofia legislativa levou muitos parlamentares a agirem como se tivessem mandato para tutelar o Executivo de forma permanente. Assim, práticas que deveriam ser exceções emergenciais se tornaram hábitos: chantagens veladas, boicotes estratégicos, negociações que lembram o exercício de poder de oligarquias políticas, e não de instituições republicanas.
Os atos de Alcolumbre, portanto, não são apenas expressão de ambição pessoal. São reflexo de um Congresso que se acostumou a lidar com presidentes politicamente enfraquecidos — e que, por isso, passou a confundir mecanismos de fiscalização com mecanismos de dominação. O período Bolsonaro consolidou esse padrão ao extremo, reforçando a ideia de que o Parlamento pode, sem pudor, capturar a agenda nacional e usar o desequilíbrio entre os poderes em benefício próprio.
Romper com essa herança é um dos maiores desafios da democracia brasileira. O país precisa reconstruir a normalidade institucional, restabelecendo limites claros entre controle e tutela, entre fiscalização e captura. Enquanto parte do Congresso continuar a agir sob a lógica dos “presidentes biônicos”, a política seguirá refém de caciques e de interesses corporativos, e não dos princípios republicanos que deveriam orientar a vida pública.
sábado, 15 de novembro de 2025
Protestos na COP30: os limites do desenvolvimento sustentável no capitalismo.
De um lado, líderes estatais e executivos de grandes empresas reafirmam compromissos de neutralidade de carbono, planos de transição energética e metas de redução de emissões. Do outro, movimentos climáticos, organizações indígenas, juventudes urbanas e pesquisadores denunciam que tais metas são insuficientes, frequentemente baseadas em compensações de carbono pouco verificáveis e em mecanismos de mercado que transferem responsabilidade, sem reduzir efetivamente as emissões. Para os manifestantes, há uma contradição intransponível entre a lógica de acumulação — que exige expansão constante, abertura de novas frentes extrativas e aprofundamento de desigualdades — e a necessidade de conter o colapso ecológico.
Os protestos também revelaram as tensões específicas do contexto amazônico. Belém recebeu a COP30 como símbolo global de compromisso ambiental, mas a região continua sofrendo com o avanço do garimpo ilegal, do desmatamento e de megaprojetos que desconsideram modos de vida tradicionais. As vozes indígenas foram especialmente contundentes ao denunciar que o discurso de sustentabilidade, quando apropriado por governos e empresas, muitas vezes serve para legitimar práticas que mantêm a lógica colonial de exploração de territórios e corpos. Assim, a Amazônia transforma-se em vitrine diplomática ao mesmo tempo em que segue vulnerável ao capital predatório.
A insatisfação dos movimentos sociais não se limita ao diagnóstico ambiental: ela abrange também o modo como o capitalismo neoliberal captura a própria ideia de sustentabilidade. A crescente financeirização da natureza — com créditos de carbono, títulos verdes e portfólios ESG — cria uma ilusão de compatibilidade entre maximização de lucros e preservação ambiental. Entretanto, na prática, tais instrumentos tendem a reforçar desigualdades, privilegiando países e corporações capazes de moldar as regras e deixando comunidades locais com os custos sociais e ecológicos. O resultado é um modelo que promete conciliação, mas mantém intactas as estruturas que alimentam a crise climática.
Os protestos na COP30, portanto, cumprem uma função histórica: tensionam o horizonte político e denunciam que a crise climática não é apenas técnica ou gerencial, mas resultado direto de uma ordem econômica que transforma bens comuns em mercadorias e reduz ecossistemas a ativos. Ao afirmarem que “não haverá futuro possível dentro da lógica atual”, os manifestantes apontam para a necessidade de alternativas que ultrapassem a promessa limitada do desenvolvimento sustentável tal como formulado pelas instituições dominantes.
Em última instância, os protestos mostram que, na disputa entre a sobrevivência do planeta e a manutenção de um modelo econômico baseado na exploração ilimitada, o tempo se esgota rapidamente. A COP30, com toda sua diplomacia e seus consensos frágeis, expõe mais uma vez que a transição ecológica não será alcançada apenas por declarações de boa vontade, mas pela confrontação direta dos interesses que lucram com a crise. É nesse choque que se revelam, com nitidez, os limites do desenvolvimento sustentável no capitalismo — e a urgência de imaginar outros caminhos.
sexta-feira, 14 de novembro de 2025
Resultado da preguiça da elite brasileira: enquanto tarifas contra Brasil persistem, China fecha acordo com os EUA.
O Brasil, por sua vez, permanece preso a uma lógica oligárquica que não mudou substancialmente desde o período colonial. A elite nacional parece satisfeita com um modelo econômico baseado na exportação de commodities e na dependência tecnológica, aceitando como natural seu papel periférico. Essa inércia estrutural produz uma economia vulnerável às oscilações externas, incapaz de competir em setores de ponta e permanentemente sujeita às decisões tomadas por outros países. A sobrevivência desse padrão não é fruto do acaso: é consequência da falta de projeto, de visão estratégica e, sobretudo, da falta de vontade política de romper com a subordinação.
Enquanto isso, a China trilhou um caminho inverso. Em menos de meio século, passou de país pobre e agrícola para uma das maiores potências industriais, tecnológicas e militares do planeta. Investiu pesadamente em infraestrutura, controla cadeias produtivas inteiras, desenvolveu tecnologia própria, tornou-se líder em energia renovável e inteligência artificial, e hoje disputa com os Estados Unidos a hegemonia global. Não foi sorte — foi trabalho tenaz, continuidade institucional e determinação.
O novo acordo entre China e EUA, enquanto tarifas prejudiciais ao Brasil persistem, ilustra um dado fundamental: o mundo se move pela força do interesse e da competitividade, não por declarações de boas intenções. A China age onde vê vantagem e retorno estratégico. Os Estados Unidos agem para conter, negociar ou ganhar tempo diante de um rival ascendente. E o Brasil? Fica na arquibancada, lamentando, enquanto sua elite celebra a comodidade de continuar fornecendo matéria-prima barata e importando produtos caros.
O episódio revela mais do que uma disputa comercial: escancara a ausência de um projeto de país. Enquanto nações com ambições globais se adaptam, investem e se reposicionam, o Brasil insiste em repetir velhas fórmulas, ainda preso ao pensamento colonial de que é suficiente “ocupar” o lugar que outros decidiram. Só que, num mundo que muda rapidamente, quem não disputa espaço simplesmente perde.
A comparação entre China e Brasil, portanto, é menos sobre cultura ou destino e mais sobre escolhas. A China escolheu ser potência. A elite brasileira escolheu ser satélite. Os resultados estão aí — e continuarão a aparecer, sempre em desfavor de quem prefere a preguiça estratégica ao trabalho de construir soberania.
domingo, 2 de novembro de 2025
Chacina e aprovação de Cláudio Castro: o papel das igrejas na configuração de uma sociedade fundamentalista e reacionária.
As recentes chacinas ocorridas nas comunidades do Rio de Janeiro, sob a gestão do governador Cláudio Castro, escancaram a face mais cruel de um Estado que naturaliza a morte de pobres e negros em nome de uma suposta “guerra ao crime”. No entanto, o que chama ainda mais atenção é a manutenção de altos índices de aprovação de um governo marcado por tragédias humanas e políticas de segurança ineficazes. A explicação para esse paradoxo passa, inevitavelmente, pelo papel político e ideológico desempenhado por parte das igrejas — sobretudo as de orientação neopentecostal — na consolidação de uma sociedade cada vez mais fundamentalista e reacionária.
Nos últimos anos, setores religiosos deixaram de atuar apenas no campo espiritual para ocupar abertamente espaços de poder e influência política. No Rio de Janeiro, essa aliança entre fé e governo é visível: Cláudio Castro, ele próprio um político ligado a igrejas evangélicas, encontrou nesse segmento uma base eleitoral sólida e fiel. As lideranças religiosas, ao associarem o discurso da “ordem divina” à “ordem pública”, acabam por legitimar a violência estatal e transformar a repressão policial em instrumento moral de combate ao “mal”. Essa retórica, ao mesmo tempo mística e política, reforça uma lógica de inimigos e heróis: de um lado, os “homens de bem”; do outro, os “bandidos”, frequentemente identificados com a pobreza e a negritude.
O resultado é a formação de uma mentalidade coletiva que confunde religião com política, fé com obediência e justiça com vingança. O fundamentalismo religioso cria um terreno fértil para o autoritarismo, pois oferece respostas simples a problemas complexos — e, ao fazê-lo, anestesia a crítica social. Quando pastores e líderes espirituais se tornam cabos eleitorais, o púlpito transforma-se em palanque, e a Bíblia, em arma ideológica. Assim, a violência policial deixa de ser um escândalo moral e passa a ser interpretada como “instrumento divino” de purificação social.
Esse processo é agravado por uma crise de valores democráticos. Em vez de promover o diálogo, a solidariedade e a inclusão, muitos templos reproduzem um discurso de exclusão, culpabilizando as vítimas da violência e fortalecendo uma cultura de medo. Essa dinâmica contribui para a formação de uma sociedade reacionária, na qual o conservadorismo se confunde com fé e a obediência ao poder substitui o exercício da cidadania crítica.
Em síntese, a aprovação de Cláudio Castro em meio a chacinas e tragédias não é um acaso político, mas o reflexo de um projeto de poder sustentado pela aliança entre o Estado e setores religiosos que naturalizam a desigualdade e sacralizam a violência. Combater essa configuração não significa atacar a fé, mas resgatar o sentido emancipador da religião e o valor da democracia laica. Somente assim será possível romper com a lógica do medo e construir uma sociedade verdadeiramente justa, humana e solidária.
quinta-feira, 30 de outubro de 2025
China dá exemplo ao mundo ao pedir responsabilidade aos EUA e à Rússia diante das ameaças de retomada de testes com armas nucleares.
Desde o fim da Guerra Fria, o equilíbrio nuclear tem se sustentado em grande parte por meio de acordos internacionais de não proliferação e pela moratória informal que impediu novas detonações experimentais. No entanto, a escalada de tensões geopolíticas entre Washington e Moscou — intensificada por conflitos como a guerra na Ucrânia e a disputa por influência no Oriente Médio — ameaça desmontar décadas de avanços no controle de armamentos. Nesse contexto, o alerta da China não é apenas prudente: é um chamado urgente à racionalidade.
Ao pedir que as duas maiores potências nucleares do planeta ajam com senso de responsabilidade, a China reafirma um princípio que deveria ser universal: nenhuma nação, por mais poderosa que seja, tem o direito de colocar a humanidade sob risco de aniquilação. O uso ou o simples teste de armas nucleares não é demonstração de força, mas de insensatez. Trata-se de uma ameaça direta à estabilidade global, aos tratados internacionais e ao meio ambiente, cujos efeitos de longo prazo são incalculáveis.
Pequim, ao adotar esse discurso, também busca se posicionar como ator central na defesa de um novo multilateralismo — baseado não na intimidação, mas na cooperação e no respeito mútuo. Essa postura, embora movida também por interesses estratégicos, revela uma compreensão mais madura da interdependência global. Num mundo marcado por crises climáticas, desigualdades e guerras, insistir em exibições de poder nuclear é um retrocesso moral e civilizatório.
Cabe à comunidade internacional apoiar o chamado chinês e reforçar os mecanismos de controle e fiscalização sobre armas de destruição em massa. A retomada de testes nucleares seria não apenas uma afronta aos tratados existentes, mas um golpe à esperança de um futuro pacífico. A China, ao exigir responsabilidade dos Estados Unidos e da Rússia, oferece ao mundo uma lição de equilíbrio e lucidez — virtudes cada vez mais raras em tempos de tensão e irracionalidade global.
Após chacina na Penha e no Alemão, TSE marca julgamento que pode cassar Cláudio Castro.
A chacina — que somou dezenas de mortos, entre eles moradores e suspeitos — ocorreu sob o discurso recorrente de “combate ao crime organizado”, expressão que se tornou uma justificativa genérica para ações desproporcionais e letais em territórios pobres. Em vez de política de segurança, o que se vê é uma política de guerra. O Estado, incapaz de oferecer direitos básicos, como educação, emprego e moradia, aparece nas favelas apenas por meio da repressão, reproduzindo o ciclo de exclusão e violência.
Nesse contexto, o julgamento de Cláudio Castro no TSE ganha contornos simbólicos. O governador é acusado de abuso de poder político e econômico nas eleições de 2022, em um esquema que teria envolvido o uso indevido de servidores e recursos públicos. O processo, portanto, não se restringe a uma questão jurídica, mas revela um modo de governar que normaliza a manipulação e a desigualdade como ferramentas de manutenção do poder.
É revelador que o mesmo governo que naturaliza chacinas e tenta justificar o inaceitável também enfrente acusações de corrupção e irregularidades eleitorais. Ambos os fenômenos — a violência policial e o autoritarismo político — são faces de uma mesma lógica: a de um Estado que se vê acima da lei e que age contra os mais vulneráveis.
A eventual cassação de Cláudio Castro não resolverá, por si só, a crise fluminense. Mas pode representar um ponto de inflexão moral e político. O Rio de Janeiro precisa romper com a cultura da impunidade e da violência institucional. A reconstrução do Estado passa necessariamente por uma política de segurança que reconheça os moradores de favelas como cidadãos e por uma política eleitoral que se fundamente na ética e na legalidade.
Enquanto o TSE se prepara para julgar o destino do governador, as periferias continuam a enterrar seus mortos. O tribunal, mais do que decidir o futuro de um político, julgará também o limite da tolerância da sociedade com um governo que fez da tragédia um método e da violência uma rotina.
quarta-feira, 29 de outubro de 2025
Rio de Janeiro em Guerra: As 130 Mortes e a Falência da Política de Segurança de Cláudio Castro.
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| Imagem: G1. |
O discurso oficial do governo, centrado na “guerra ao crime”, tem se revelado um pretexto para operações brutais que ceifam vidas indiscriminadamente, transformando comunidades inteiras em zonas de combate. A lógica militarizada da segurança pública ignora o fato de que as causas da violência no Rio são estruturais — nascem da desigualdade, do desemprego, da exclusão e da falta de políticas públicas efetivas. Ao insistir em uma política de morte, Cláudio Castro reafirma a opção por um Estado que mata antes de escutar, que invade antes de dialogar.
As 130 mortes registradas não podem ser tratadas como “efeitos colaterais” de um suposto combate ao crime organizado. Elas representam o preço de uma política fracassada, que não busca proteger a população, mas sim demonstrar força e controle em meio à barbárie. As favelas continuam reféns do tráfico e das milícias, enquanto o Estado se limita a intervenções pontuais, espetaculares e ineficazes — ações que alimentam o ciclo de violência, em vez de interrompê-lo.
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| Imagem: Agência Brasil |
A falência do governo de Cláudio Castro não é apenas administrativa; é moral e política. Quando o Estado naturaliza o extermínio de seus cidadãos, principalmente os pobres e negros das periferias, ele rompe o pacto democrático e revela seu viés autoritário. A ausência de políticas de geração de emprego, de acesso à educação, de urbanização e de fortalecimento da cidadania cria o terreno fértil para a criminalidade — e nenhuma operação policial é capaz de resolver aquilo que nasce do abandono social.
O que o Rio vive hoje não é apenas uma crise de segurança, mas uma crise de Estado. A guerra nas ruas é o reflexo de décadas de omissão e descaso, agora intensificados por um governo que aposta na violência como instrumento político e na morte como estatística. Diante das 130 vidas perdidas, a sociedade fluminense precisa questionar: quantas mais serão necessárias até que o poder público reconheça que segurança não se constrói com balas, mas com direitos?
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| Imagem: Jornal da Unesp |
terça-feira, 28 de outubro de 2025
A Guerra do Rio e o Colapso do Estado: Quando a Violência se Torna Política Pública.
Sob o discurso do “combate ao narcotráfico”, o poder público reafirma uma lógica militarizada que há décadas se mostra ineficaz. A retórica oficial — de “retomar territórios” e “impor a presença do Estado” — esconde o fato de que o Estado só aparece nas favelas com armas em punho, tanques nas ruas e helicópteros sobrevoando as casas. O resto do tempo, essas comunidades permanecem abandonadas, sem escolas de qualidade, saneamento, postos de saúde ou oportunidades de emprego. A ausência de políticas públicas é o terreno fértil onde o tráfico e as milícias se reproduzem.
A operação desta segunda-feira escancara também a seletividade da violência. As vítimas são, em sua esmagadora maioria, jovens, negros e pobres — o perfil que há muito tempo define quem pode morrer sem comoção nacional. As estatísticas de letalidade policial no Rio reforçam esse padrão: o estado lidera o ranking nacional de mortes causadas por agentes de segurança, e a impunidade ainda é regra. Quando a política de segurança se traduz em corpos, o que se perpetua é uma necropolítica — uma gestão da morte que escolhe quais vidas têm valor e quais podem ser descartadas em nome da “ordem”.
A cada operação “bem-sucedida” do ponto de vista do governo, o ciclo da barbárie se renova: moradores traumatizados, crianças sem aula, famílias destruídas e territórios ainda mais dominados pelo medo. A ausência de uma política social estruturante transforma o enfrentamento armado em espetáculo, e a guerra diária no Rio se converte em narrativa política — útil para governantes que lucram eleitoralmente com o medo e a sensação de caos.
O problema é que essa guerra não tem vencedores. O tráfico e as milícias se reconfiguram, o Estado se deslegitima e a população pobre continua entre o fogo cruzado. Enquanto a segurança for tratada como guerra e não como política pública, o Rio permanecerá refém de um modelo que naturaliza o extermínio e transforma a tragédia cotidiana em rotina.
A verdadeira paz não virá do barulho dos fuzis, mas do silêncio das desigualdades resolvidas — do dia em que o Estado chegar primeiro com escola, emprego e dignidade, e não com caveirão e munição. Até lá, a “guerra do Rio” seguirá sendo, mais do que um problema policial, uma ferida aberta na democracia brasileira.
TIROTEIO NO COMPLEXO DA PEDREIRA (Zona Norte do Rio) : OS DILEMAS DA VIOLÊNCIA URBANA EM CURSO.

Na madrugada de segunda-feira, 27 de outubro de 2025, o bairro de Costa Barros, Zona Norte do Rio de Janeiro, foi palco de mais um capítulo da guerra urbana que marca a cidade. Um confronto entre as facções Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP) no Complexo da Pedreira resultou em pelo menos quatro mortos — dois moradores, entre eles uma idosa de 60 anos, a Marli Macedo dos Santos. (Termômetro da Política)
O que se passou
Segundo relatos da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMRJ), criminosos do CV partiram do Complexo do Chapadão para invadir o território do TCP no Complexo da Pedreira. A reação violenta incluiu intenso tiroteio e até uso de granadas. (RedeTV!)
No meio da fuga, dois dos invasores invadiram uma casa residencial. Dentro dela, Marli foi feita refém e acabou baleada. (O São Gonçalo)
Paralelamente, um dos moradores, o Elison Nascimento Vasconcelos, de 33 anos, foi atingido quando saía de um pagode e não resistiu. (Termômetro da Política)
Além das mortes, apreenderam-se sete fuzis, seis carros roubados e houve prisões de suspeitos. (Politiza Brasil)
No mesmo dia, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro reabriu a Unidade de Pronto Atendimento Costa Barros (UPA) — que havia ficado fechada por quase um mês em razão da insegurança — em meio ao tiroteio, com funcionários abrigando-se durante disparos. (O Dia)
Dimensões e consequências sociais
O episódio ilustra de forma brutal algumas das facetas da violência urbana no Rio de Janeiro, que vão muito além de estatísticas pontuais:
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Território e Estado paralelo
A disputa entre facções ocorre em locais onde o Estado formal — segurança pública, controle institucional, acesso a serviços — se mostra fragilizado. Quando grupos armados disputam domínios e a tensão se transfere para dentro de residências, com vítimas alheias à contenda, fica claro que o controle estatal é precário. -
Vitimas invisíveis, cotidiano interrompido
A morte de uma senhora dentro da própria casa, ou de um morador que apenas participava de uma festa, revela que o “risco” não atinge apenas quem faz parte da guerra — atinge quem vive em seu entorno, quem deveria estar protegido. O susto, o pânico, o viver sob a sombra de balas ou bloqueios passa a fazer parte da rotina.“Depois de um tempo escutando dá para ter uma noção do que é uma 12, um AK e um FAL ou pistola” — relato em fórum sobre o cotidiano de tiroteios no Rio. (Reddit)
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Serviços públicos fragilizados pela insegurança
A UPA que reabre sob os tiros é símbolo de uma contradição: serviços essenciais funcionam onde a violência não dá trégua. A área médica, tão necessária em contextos vulneráveis, convive com o risco alto. Funcionários e moradores sabem que o atendimento pode ser interrompido por razões de segurança — o que agrava as desigualdades. -
Estigmatização e mobilidade limitada
As comunidades afetadas veem seu cotidiano e suas oportunidades reduzidas: acesso a transporte, comércio, saúde, educação — tudo se condiciona ao cenário de insegurança. A valorização imobiliária, o investimento em infraestrutura, a mobilidade social ficam restritos. O custo humano e material da violência impacta as gerações futuras. -
Falta de perspectiva estrutural
Os tiroteios são manifestações violentas de problemas mais profundos: desigualdade social, falta de oportunidades, ausência de políticas públicas eficazes, precariedade da segurança, da justiça, da regeneração urbana. Enquanto as respostas se limitarem a ocupações esporádicas ou operações policiais, o padrão tende a se repetir.
Um olhar crítico necessário
Este incidente em Costa Barros exige que se vá além do registro jornalístico do número de mortos, feridos ou armas apreendidas. Ele demanda questionamento:
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Quem venceu e quem perdeu? No fim, perderam os moradores, que viram sua casa virar linha de tiro.
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Qual o papel do Estado? Se assumir território significa apenas reagir a tiros, sem presença cidadã, o espaço continua vulnerável.
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Qual o custo para quem vive ali? A morte, sim, é o extremo. Mas o trauma, a interrupção da vida normal, o medo constante são danos invisíveis que moldam a existência desses cidadãos.
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Qual a saída? Nenhuma política de segurança que ignore as raízes econômicas, as condições de moradia, a falta de escolaridade e emprego terá efeito duradouro. A “paz armada” nas favelas e periferias só se sustenta com justiça social.
Conclusão
O tiroteio em Costa Barros, nessa segunda, não é apenas mais uma ocorrência policial. É um retrato agudo de uma cidade que convive com zonas de guerra urbana, onde o Estado e a sociedade se medem mês após mês em termos de presença ou ausência. Em frente às estatísticas, sobram vidas marcadas, casas invadidas, medos que não se encerram com o nascer do dia.
Enquanto a narrativa dominante permanecer centrada na resposta emergencial — “fuzis apreendidos”, “prisões realizadas” — sem investir no reparo profundo da tessitura social, a próxima madrugada encontrará outros tiros, outros moradores reféns no próprio lar, e outra UPA reabrindo sob desconfiança. Até quando?
terça-feira, 2 de setembro de 2025
terça-feira, 5 de agosto de 2025
PMs DE SÃO PAULO DENUNCIAM COOPTAÇÃO RELIGIOSA
Cabo do 1º Batalhão da Polícia Militar em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, o PM Marco Aurélio Bellorio trabalhou uma noite inteira, das 18h30 às 7h. Ele conta que, de manhã, foi convocado por seu comandante para participar de uma reunião no templo da Igreja Universal do Reino de Deus, na avenida João Dias, no mesmo bairro. Bellorio, que é católico, se recusou.
Foi punido e respondeu a um procedimento disciplinar interno. Indignado, o PM entrou com ação na Vara do Juizado Especial de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, e pediu indenização por dano moral por ter sido obrigado a participar de reuniões no templo evangélico.
Ele alegava que houve abuso de poder e sua liberdade de crença não fora respeitada. A justiça negou o pedido em junho do ano passado, e acatou a justificativa do governo paulista de que a Igreja Universal apenas estaria cedendo o seu templo para a realização de reuniões e esses encontros não fariam referência a qualquer religião específica. O PM recorreu, mas sem sucesso.
A recusa de Marco Bellorio de comparecer ao templo da Universal ocorreu em janeiro de 2020. Agora, cinco anos depois, o processo disciplinar contra ele foi reaberto depois da derrota que ele teve na justiça. O PM, que continua na ativa, foi comunicado no início de julho.
“O superior, quando quis me punir, perguntou quem eu achava que era. Eu falei que sou um cidadão, um funcionário público. E não sou obrigado a ficar ouvindo pastor. Eu vivo num estado democrático de direito. Apesar de ser militar, e ter de cumprir ordens, não quero ouvir. Aí, ele ficou me medindo”, contou Bellorio ao Intercept Brasil.
O PM, de 44 anos, formado em Direito e em licenciatura em Educação Física e História, foi transferido para o trabalho na área administrativa. Ele diz ter sofrido “perseguição interna velada” por meio de várias transferências, mudanças de horários e ameaças de superiores por causa de suas posições.
Em consequência, conta que teve problemas de saúde mental, desgaste emocional e crises de ansiedade e depressão. No momento, faz tratamento psiquiátrico, mas diz que a PM não admite os seus problemas de saúde.
Outros PMs vivem problemas parecidos na corporação. “Eu sou ateu e me recusei a participar dessas reuniões com pastores porque eu não concordo com isso”, me disse o soldado Marcelo, que trabalha em um batalhão da PM na capital paulista.
“Quando os pastores chegam lá no batalhão de manhã, eu saio. Vão sempre lá fazer um café da manhã. E, às vezes, tem reunião no templo. Mas eu não vou. Sei que não sou bem visto pelos meus superiores por isso. Tem colega que me chama de vermelho, de comunista, embora eu não fique manifestando minhas posições políticas. Todos sabem, porém, que eu sou ateu e de esquerda”, afirma Marcelo. “Eles levam uns livrinhos de religião lá, mas ninguém pega. Os policiais dizem que não serve pra nada isso, mas vão para não criar problema. Eu não vou porque não sou da religião e não quero”, completa.
Bellorio e Marcelo são dois dos PMs de São Paulo que ousaram desafiar a obrigatoriedade imposta por comandantes da Polícia Militar para que seus subordinados compareçam às reuniões em templos da Igreja Universal do Reino de Deus, liderada pelo bispo Edir Macedo. Esses encontros têm se tornado cada vez mais frequentes e já se espalham atualmente por todo o país.
O Intercept já denunciou a doutrinação de policiais por pastores da Universal em reportagem de maio de 2023. Soldados e cabos de batalhões inteiros da Polícia Militar, fardados e usando carros de suas corporações – muitas vezes em horário de serviço e outras em horários de folga – passam horas no interior de templos da Universal ouvindo pregação de pastores. Em geral, os encontros duram em torno de quatro a seis horas. Ao final, há uma oração e depois um discurso do comandante do batalhão.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo diz que a Polícia Militar e a Polícia Civil fazem “parcerias pontuais” para “utilização de espaços”, sem qualquer tipo de convênio formal com entidades religiosas. “Essas iniciativas são esporádicas, não envolvem nenhum custo ao erário ou vínculo ideológico, político ou religioso”, afirmou a secretaria, em nota.
“As forças policiais de São Paulo são instituições de estado que atuam em plena conformidade com a Constituição Federal e com a legislação estadual, respeitando integralmente a liberdade de crença e a diversidade religiosa dos milhares de profissionais que integram seus quadros”, argumenta.
O governo e a Secretaria de Segurança não responderam às perguntas do Intercept sobre os casos citados na reportagem. Também não explicaram se esses encontros poderiam ser realizados em espaços cedidos eventualmente por uma religião de matriz africana, caso alguma delas oferecessem.
“No meu batalhão, vi uma vez um colega que era da umbanda fazer um ritual dele no quartel, uma oferenda, e ser chamado para dar explicação ao comandante. Ele respondeu que se o pastor podia ir lá orar, ele também podia fazer a sua manifestação”, contou o PM Marcelo.
Em 2023, mapeamos mais de 70 encontros organizados pela igreja de Edir Macedo, por meio do projeto Universal nas Forças Policiais, o UFP, criado em 2018.
Os eventos iam de pregação para as tropas fardadas nos templos a cafés da manhã, orações, bênçãos e participações de pastores em eventos de PMs, bombeiros, agentes da Polícia Federal, do Exército e da Aeronáutica em 24 estados do país, além do comparecimento de religiosos em solenidades de troca de comando com a cúpula das instituições.
Por meio da Lei de Acesso à Informação, as secretarias de segurança e as polícias envolvidas nos eventos foram questionadas sobre o efetivo empregado, o que era feito nestes encontros e a existência de convênios e contratos com a Universal. Nem todos responderam – mas todos os retornos indicaram que as parcerias são feitas sem acordo formal, com respostas contraditórias sobre o conteúdo oferecido nessas reuniões.
De 2023 a 2025, o número de encontros desse tipo aumentou. Em fevereiro, 2,5 mil policiais militares de São Paulo estiveram em reunião na sede da Igreja Universal no bairro do Brás, região central de São Paulo, para escolher suas vagas de trabalho no início do ano e conhecer os locais nos quais foram classificados para atuar nas unidades militares na capital paulista e no interior. O encontro durou 12 horas, das 7h às 19h.
O pastor capelão Roni Negreiros, responsável pelo projeto UFP, falou sobre a necessidade de os policiais “renovarem a mente e equilibrar a emoção e a razão no seu dia a dia”.
Citando a referência bíblica Romanos, capítulo 12, versículo dois, o pastor afirmou: “E não vos conformeis com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.
Inquérito para apurar doutrinação está em andamento no DF
O promotor Flávio Milhomem, da 3ª Promotoria da Justiça Militar do Distrito Federal, pediu, em fevereiro do ano passado, uma investigação sobre denúncia de que policiais militares estariam sendo obrigados a participar de um evento de formatura na sede da Universal na Asa Sul.
O promotor solicitou, inclusive, o afastamento do tenente-coronel Rodrigo da Silva Abadio, que teria imposto a obrigação de comparecimento a cabos e soldados. Foi aberto um inquérito na Polícia Militar do DF, que ainda está em andamento, informou o Ministério Público do Distrito Federal.
Em São Paulo, o deputado estadual Paulo Reis, do PT, encaminhou logo após a denúncia do Intercept representações ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público de São Paulo pedindo a apuração e providências sobre o deslocamento de PMs, em horário de serviço, aos templos da igreja. O Ministério Público Federal alegou que a competência para a apuração era da esfera estadual.
O MP de São Paulo arquivou o pedido ao não ver “irregularidade vislumbrada”, conforme informou ao deputado. Considerou também “suficiente” a justificativa da Polícia Militar paulista de que a Universal apenas cede o local para as reuniões com policiais “sem nenhuma vinculação com a prática religiosa”, como avaliou o procurador Saad Mazloum, do Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo, ao contrário do que dizem os policiais e ex-policiais.
Ex-PM e policial civil licenciado, o deputado Reis diz que a Universal, que já driblou a lei para contratar policiais militares como seguranças, está sendo beneficiada com essa decisão do governo de realizar eventos da polícia em seus templos.
“O estado é laico. Então, que o governo, ao menos, fizesse uma licitação, uma concorrência pública. E a igreja que ganhasse o certame, ficaria encarregada de cuidar dos policiais militares. É uma ironia, claro, mas o governo não tem de estar atrás de igrejas para poder fazer suas reuniões. O estado tem os seus estabelecimentos e equipamentos próprios”, observa o deputado.
O ex-PM Leandro Prior, que integrou os quadros da Polícia Militar de São Paulo entre 2014 e 2021, é mais um crítico dos encontros religiosos em quartéis. Segundo ele, sempre houve nessas reuniões orações e menções bíblicas.
“Isso não é de hoje e vem se aprimorando, cada vez é mais forte e se espalha pelo país. Os praças (policiais) não gostam, nunca gostaram. A igreja tenta passar a ideia de que é um culto ecumênico, como se todas as religiões fossem contempladas, mas não é nada disso. Ali, há uma captação da tropa”, critica Prior, atualmente coordenador da Setorial de Segurança Pública do Diretório Estadual do PT em São Paulo.
Prior, que diz ter pedido exoneração da PM ao alegar perseguição em razão de suas posições políticas e por ser homossexual, diz que a Universal consegue cooptar apenas alguns soldados, “muitos que têm problemas de depressão e ansiedade e estão perdidos, e chegam até a usar psicotrópicos e ter tendências suicidas, como os próprios comandantes têm conhecimento”.
Para o cientista político Guaracy Mingardi, doutor pela USP e ex-investigador de polícia, é errado a PM obrigar ou instigar policiais a comparecer a reuniões em templos religiosos. “Qualquer indivíduo, militar ou não, tem o direito de seguir a religião que quiser, mas o policial não pode frequentar cultos ou missas fardado e de forma organizada, enquanto corporação. Se ele quiser ir, é problema dele. Mas ser obrigado a ir, pressionado, é completamente errado. Está totalmente fora de qualquer legislação, mesmo a militar. Ninguém é obrigado a ter uma religião específica”.
“Quando um comando de companhia obriga o policial a ir, ele tem de ser processado. Não temos uma religião obrigatória no país. A ideia da Constituição foi exatamente essa”, diz. “O servidor público tem de estar aberto para qualquer coisa, pois a população tem várias crenças diferentes”.
Número de capelães da Universal nas polícias é quase o mesmo de padres católicos no Brasil inteiro, segundo pastor
O projeto Universal nas Forças Policiais diz ter como objetivo a prestação de “assistência espiritual, social e de valorização humana aos integrantes das forças de segurança pública, Forças Armadas e seus familiares”, segundo Roni Negreiros, que é pastor e também major da Polícia Militar do Maranhão. Ele foi capelão militar no estado por 18 anos. A função de um capelão é dar apoio espiritual a militares em quartéis.
Negreiros afirma que a Universal conta hoje com 20 mil capelães no país. Para ter uma ideia da força, esse é quase o mesmo número de padres da Igreja Católica inteira no país – 22 mil, além de 500 bispos, segundo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB, entidade máxima dos católicos no Brasil. Ainda predominantes no país, os católicos representam 56,7% da população, enquanto os evangélicos somam 26,9%, segundo o último censo do IBGE.
A CNBB diz não saber quantos capelães católicos estão atualmente em atividade no país. Para citar um exemplo, as Forças Armadas no Brasil contam com 162 padres e 67 pastores atuando como capelães militares, de acordo com a Força Aérea Brasileira.
As ações da Universal desenvolvidas principalmente com as polícias militares foram ampliadas também para outras corporações, como a Polícia Civil, Polícia Federal, guardas metropolitanas, Exército e Aeronáutica em todo o país.
Com essas outras forças de segurança, foram privilegiadas as visitas às sedes das corporações, cafés da manhã, participações em solenidades e trocas de comando e convites para policiais visitarem o Templo de Salomão, o monumental centro religioso construído pela Universal no Brás, em São Paulo.
Agora, a estratégia pode estar se ampliando para outras denominações evangélicas, como a Assembleia de Deus do ministério Madureira.
Foi depois de uma reunião no templo dessa igreja no bairro de Jardim Alvorada, em Itapecerica da Serra, na grande São Paulo, que um soldado da Polícia Militar de São Paulo morreu no dia 28 de maio.
Ronaldo Venâncio da Silva, de 33 anos, sofreu um acidente de moto na rodovia Régis Bittencourt quando retornava para casa depois de trabalhar das 19h30 do dia anterior até às 7h30 do dia seguinte. Em seguida, ele teria sido obrigado a comparecer ao encontro na igreja.
Ficou 18 horas à disposição da PM e, cansado e sem dormir, acabou sofrendo o acidente, denunciaram colegas. A Polícia Militar disse, em sua nota, “lamentar profundamente o ocorrido” e informou que uma sindicância aberta para apurar os fatos está em andamento.
Procurada, a Convenção Nacional das Assembleias de Deus Madureira não respondeu se, de fato, tem feito parcerias com instituições militares, como a Universal. A Igreja Universal também não respondeu às perguntas enviadas.
Fonte: Intercept Brasil
BOLSONARO TEM PRISÃO DECRETADA POR GRAVAR VÍDEO EM APOIO A MANIFESTAÇÕES.
Não há exagero na palavra. Reincidência. Bolsonaro infringiu, mais uma vez, as regras impostas pelo Supremo Tribunal Federal, o STF – e o fez de maneira deliberada, cínica, quase desafiadora. Mesmo proibido de usar redes sociais, quis seguir protagonista da cena política virtual por meio dos perfis de seus filhos.
Em uma operação que mistura desobediência calculada e esperteza de adolescente, Bolsonaro achou que poderia burlar o Judiciário se não fosse ele, com os próprios dedos, a apertar “publicar”.
Mas a decisão do ministro Alexandre de Moraes não se resume a um tecnicismo sobre contas em redes sociais. O despacho é direto ao qualificar a gravidade do que foi feito: o conteúdo veiculado por Bolsonaro, através dos filhos, tinha “claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao STF e apoio ostensivo à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro”.
Em outras palavras, o ex-presidente voltou a flertar com a sabotagem institucional e tentou internacionalizar sua cruzada autoritária, justamente num momento em que os Estados Unidos impuseram sanções contra Moraes.
Não há como dissociar a prisão domiciliar decretada nesta segunda dos episódios anteriores: o 8 de Janeiro, os decretos de golpe, as reuniões golpistas no Alvorada, as joias sauditas contrabandeadas, os ataques sistemáticos à urna eletrônica, o escárnio diante das mortes na pandemia. Tudo isso é parte de um mesmo projeto de poder que continua em curso – mesmo depois da derrota eleitoral.
Desde que foi proibido de usar redes sociais, Bolsonaro não se calou. Apenas trocou de boca. Passou a usar as vozes dos filhos, das deputadas da tropa de choque, dos pastores aliados, dos youtubers ressentidos. Moraes entendeu o truque e decidiu que, se não é possível impedir Bolsonaro de falar, é preciso impedir Bolsonaro de conspirar.
Que fique claro: o sistema de justiça brasileiro não é infalível. A Vaza Jato, publicada pelo Intercept Brasil, mostra que ele já foi capturado por interesses políticos, manipulado por procuradores midiáticos, instrumentalizado por setores da elite.
Mas Bolsonaro tem uma habilidade rara: ele testa o limite até que não haja alternativa a não ser puni-lo. E faz isso com um misto de arrogância e tática de vitimização. Sabe que, quanto mais punido for, mais mártir será.
A prisão domiciliar de hoje é, portanto, o resultado lógico da escolha de um homem que decidiu não respeitar as regras do jogo democrático – nem mesmo as impostas por sua própria condição de investigado.
A pergunta que se impõe, diante disso, não é se Moraes exagerou. É a seguinte: o que mais seria necessário para que uma prisão fosse decretada? Até quando o Estado de Direito precisaria ser rasgado antes que o Judiciário respondesse? Bolsonaro pediu. Moraes só atendeu.
Fonte: Intercept Brasil
sábado, 14 de junho de 2025
IRÃ VOLTA A REVIDAR OS ATAQUES DE ISRAEL.
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| Imagem: Brasil de Fato. |
O Irã voltou a bombardear o território de Israel agora a noite, deixado três mortos. Até agora já são onze mortos. Socorristas estão, neste momento, em busca de vítimas nos escombros. Os ataques iranianos são respostas devidos aos ataques de Israel contra o Irã na última sexta-feira, que resultou na morte de civis, cientistas e militares iranianos. Israel segue aumentando as tensões no Oriente Médio, e há avaliação de que os objetivos dos ataques israelenses buscam ofuscar as negociações nucleares entre o Irã e os EUA. No entanto, é importante lembrar que Benjamin Netanyahu enfrenta dificuldades para se manter no poder em Israel, havendo avaliações por parte de observadores internacionais de que a escalada nas tensões no Oriente Médio facilitariam nas reduções das dificuldades políticas para Netanyahu em Israel.
Há relatos de que Benjamin Netanyahu teria fugido para a Grécia.
sexta-feira, 13 de junho de 2025
MAIO DE 2025 FOI O SEGUNDO MAIS QUENTE JÁ REGISTRADO PARA O MUNDO.
A temperatura
A temperatura da superfície global de maio de 2025 foi de 1,10oC (1,98oF) maior do que a média do século XX. Este foi o segundo maio mais quente desde que os registros da NOAA começaram em 1850 (176 anos). Apenas maio de 2024 foi mais quente, com uma temperatura 0,08oC (0,14oF) maior que 2025. A temperatura da superfície global de maio de 2025 foi de 0,10oC (0,18o F) maior do que em 2020, que atualmente detém o terceiro mais quente maio já registrado. Maio de 2020 marcou notavelmente a primeira vez que uma temperatura de maio atingiu 1,0oC (1,8o F) acima da média do século 20. Os dez Mays mais quentes já registrados ocorreram desde 2014. Em maio de 2025 também marcou o 49o maio consecutivo com temperaturas globais acima da média.
A temperatura global da superfície terrestre para maio de 2025 também foi a segunda mais alta no recorde de 176 anos, com uma temperatura de 1,61oC (2,90o F) maior do que a média do século XX. Maio de 2024 foi o mais quente já registrado, com uma temperatura de 1,63oC (2,93oF) acima da média. A temperatura global da superfície de maio foi de 0,88oC (1,58oC) maior que a média – também a segunda mais alta para maio no recorde de 176 anos. Apenas maio 2024 foi mais quente (+0,98oC / +1,76oF).
A Oscilação El Ni'o-Sul (ENSO), um fenômeno climático que pode afetar os padrões climáticos globais e influenciar as temperaturas globais, persistiu em uma fase neutra (o que significa que nem o El Nino nem o La Nina estavam presentes) durante maio de 2025. De acordo com o Centro de Previsão Climática da NOAA, o ENSO-neutro provavelmente continuará durante o verão do Hemisfério Norte (inverno do Hemisfério Sul).
As temperaturas de maio foram muito mais quentes do que a média em grande parte do globo, em particular na maioria das áreas oceânicas e partes de todos os continentes. As temperaturas foram mais notáveis no norte da América do Norte, nas partes central e sul da América do Sul, nas Ilhas Britânicas e no oceano circundante, no norte e sudoeste da Ásia, e em grande parte da Antártida e da região ártica, onde as partidas de temperatura eram de + 1,5oC / 2,7oC ou mais. Apesar do calor incomum em grande parte do globo, as temperaturas recordes foram limitadas a partes da região do Ártico, as Ilhas Britânicas e o oceano circundante, o sudoeste da Ásia, em partes do oeste do Oceano Indico, no Oceano Pacífico ocidental e em uma pequena área no México. No geral, aproximadamente 7% das superfícies do mundo tinham uma temperatura recorde de maio. Esta porcentagem é a segunda mais alta já registrada para maio, após o recorde de 15% estabelecido em maio de 2024.
Temperaturas mais frias do que a média de maio foram observadas em toda a índia, partes do norte do Oceano Atlântico, leste e sudeste do Oceano Pacífico, centro e leste da Antártida e leste da Antártida. Como mostrado no mapa dos percentis, não havia áreas terrestres ou oceânicas com temperaturas recordes em maio.
Regionalmente, a América do Sul e a Ásia tiveram seu terceiro mês mais quente já registrado. Enquanto o Ártico teve seu quarto mais quente, a América do Norte e a África tiveram seu sexto e empatado em maio mais quente, respectivamente. A Europa, a Oceania e a região antártica tiveram um maio mais quente do que a média; no entanto, sua temperatura de maio não se classificou entre os 10 maios mais quentes já registrados. Outras regiões com calor significativo em maio incluíram as regiões do Caribe e do Havaí, que registraram seu quinto e sétimo mais quentes maios já registrados, respectivamente. Por favor, note que ambas as regiões incluem as ilhas e o seu oceano circundante.
Na atmosfera, as anomalias de pressão de altura de 500 milisbaro se correlacionam bem com as temperaturas na superfície da Terra. A posição média das cristas de nível superior de alta pressão e calhas de baixa pressão - retratada por anomalias de altura positiva e negativa de 500 milibares no mapa – é geralmente refletida por áreas de positivo e anomalias de temperatura negativa na superfície, respectivamente.
Temperatura sazonal: Março-Maio 2025
Globalmente, a temperatura da superfície de março-maio de 2025 foi de 1,22oC (2,20oF) maior do que a média do século XX e foi a segunda mais quente já registrada (de 176 anos). Esse valor foi apenas 0,05oC (0,09oF) mais frio do que o recorde estabelecido apenas no ano anterior (2024). Os dez períodos mais quentes de março a maio ocorreram desde 2015.
A temperatura da superfície terrestre global durante março-maiou foi a mais alta já registrada, com uma temperatura de 1,96oC (3,53oF) maior que a média. Este valor ultrapassou o recorde anterior estabelecido em 2016 por 0,04oC (0,07oF). A temperatura global da superfície apenas para o oceano foi de 0,88oC (1,58o F) – a segunda mais alta já registrada. Apenas março-maio de 2024 era mais quente (+1,00oC / +1,80oC).
O período de março-maio é a primavera meteorológica para o hemisfério norte e outono no Hemisfério Sul. A primavera do Hemisfério Norte foi a segunda mais quente já registrada, com uma temperatura de 1,54oC (2,77oF) maior que a média. Este valor foi de 0,08oC (0,14oF) tímido de amarrar o recorde estabelecido na primavera de 2024. O outono do Hemisfério Sul também foi o segundo mais quente já registrado, com uma temperatura de 0,90oC (1,62oF) acima da média. O outono de 2024 foi mais quente a +0,92oC (+1,66oF).
O período de três meses de março-maio viu temperaturas generalizadas mais quentes do que a média em grande parte do globo. As partidas de temperatura mais altas, 2,0oC ou mais, foram observadas em porções significativas da Ásia e nas regiões ártica e antártica. As temperaturas recordes de março-maio foram especificamente observadas nas Ilhas Britânicas e no oceano circundante, bem como em partes do arquipélago ártico canadense, sul da Ásia e do Pacífico, índico, Atlântico e Oceanos Antárticos.
Em contraste, as temperaturas mais frias do que a média de março-maio estavam presentes em algumas áreas, incluindo partes do Oceano Atlântico Norte, índia, o Oceano Antártico ao largo da costa do sul da Argentina e Chile, e leste da Antártida. No entanto, nenhuma área terrestre ou oceânica teve temperaturas recordes de março-maiola.
A região do Ártico, a América do Norte, a América do Sul, a Europa, a África, a Ásia e a Oceania viram suas temperaturas de março-maio entre as cinco mais altas de março-maio já registradas. Notavelmente, a Europa, Ásia e Oceania tiveram seu segundo período mais quente de março-maio registrado. A região do Ártico teve sua terceira primavera mais quente. Embora a região antártica tenha experimentado um outono mais quente do que a média, sua temperatura de outono não se colocou dentro dos 10 primeiros outonos mais quentes já registrados.
Além disso, as regiões havaiana e caribenha também tinham uma primavera quente. A região havaiana experimentou sua segunda primavera mais quente já registrada, com uma temperatura de 1,02oC (1,84oF) maior que a média. Isso foi superado apenas na primavera de 2017, que foi de 0,08oC (0,14oF) maior que 2025. A temperatura da primavera para a região do Caribe empatou como a terceira mais quente já registrada.
Temperatura do Ano-Atualidade: Janeiro-Maio 2025
A temperatura média global da superfície para janeiro-maio de 2025 foi de 1,25oC (2,25oC) maior do que a média do século XX, resultando no segundo período mais quente desde que o recorde da NOAA começou em 1850 (176 anos). Isso foi 0,05oC (0,09oF) mais frio do que o recorde estabelecido no ano passado (janeiro-maio de 2024). A análise estatística dos cientistas do NCEI indica que 2025 é muito provável (caçar 99%) de se classificar entre os cinco anos mais quentes já registrados.
Durante janeiro-maio de 2025, grande parte das superfícies terrestres e oceânicas do mundo eram mais quentes do que a média. Temperaturas recordes foram observadas em todo o Arquipélago Ártico canadense e no oceano circundante, partes das Ilhas Britânicas e do oceano circundante, o Oceano Pacífico central e ocidental, o Oceano Indico, o sul da Austrália e pequenas áreas em toda a Ásia e Antártica Ocidental. Em contraste, a Antártica oriental experimentou condições mais frias do que a média durante este período de cinco meses.
O período de março-maio é a primavera meteorológica para o hemisfério norte e outono no Hemisfério Sul. A primavera do Hemisfério Norte foi a segunda mais quente já registrada, com uma temperatura de 1,54oC (2,77oF) maior que a média. Este valor foi de 0,08oC (0,14oF) tímido de amarrar o recorde estabelecido na primavera de 2024. O outono do Hemisfério Sul também foi o segundo mais quente já registrado, com uma temperatura de 0,90oC (1,62oF) acima da média. O outono de 2024 foi mais quente a +0,92oC (+1,66oF).
O período de três meses de março-maio viu temperaturas generalizadas mais quentes do que a média em grande parte do globo. As partidas de temperatura mais altas, 2,0oC ou mais, foram observadas em porções significativas da Ásia e nas regiões ártica e antártica. As temperaturas recordes de março-maio foram especificamente observadas nas Ilhas Britânicas e no oceano circundante, bem como em partes do arquipélago ártico canadense, sul da Ásia e do Pacífico, índico, Atlântico e Oceanos Antárticos.
Em contraste, as temperaturas mais frias do que a média de março-maio estavam presentes em algumas áreas, incluindo partes do Oceano Atlântico Norte, índia, o Oceano Antártico ao largo da costa do sul da Argentina e Chile, e leste da Antártida. No entanto, nenhuma área terrestre ou oceânica teve temperaturas recordes de março-maiola.
A região do Ártico, a América do Norte, a América do Sul, a Europa, a África, a Ásia e a Oceania viram suas temperaturas de março-maio entre as cinco mais altas de março-maio já registradas. Notavelmente, a Europa, Ásia e Oceania tiveram seu segundo período mais quente de março-maio registrado. A região do Ártico teve sua terceira primavera mais quente. Embora a região antártica tenha experimentado um outono mais quente do que a média, sua temperatura de outono não se colocou dentro dos 10 primeiros outonos mais quentes já registrados.
Além disso, as regiões havaiana e caribenha também tinham uma primavera quente. A região havaiana experimentou sua segunda primavera mais quente já registrada, com uma temperatura de 1,02oC (1,84oF) maior que a média. Isso foi superado apenas na primavera de 2017, que foi de 0,08oC (0,14oF) maior que 2025. A temperatura da primavera para a região do Caribe empatou como a terceira mais quente já registrada.
Temperatura do Ano-Atualidade: Janeiro-Maio 2025
A temperatura média global da superfície para janeiro-maio de 2025 foi de 1,25oC (2,25oC) maior do que a média do século XX, resultando no segundo período mais quente desde que o recorde da NOAA começou em 1850 (176 anos). Isso foi 0,05oC (0,09oF) mais frio do que o recorde estabelecido no ano passado (janeiro-maio de 2024). A análise estatística dos cientistas do NCEI indica que 2025 é muito provável (caçar 99%) de se classificar entre os cinco anos mais quentes já registrados.
Durante janeiro-maio de 2025, grande parte das superfícies terrestres e oceânicas do mundo eram mais quentes do que a média. Temperaturas recordes foram observadas em todo o Arquipélago Ártico canadense e no oceano circundante, partes das Ilhas Britânicas e do oceano circundante, o Oceano Pacífico central e ocidental, o Oceano Indico, o sul da Austrália e pequenas áreas em toda a Ásia e Antártica Ocidental. Em contraste, a Antártica oriental experimentou condições mais frias do que a média durante este período de cinco meses.
Precipitação
Os dados de precipitação da Rede Global de Climatologia Histórica (GHCN) são aumentados por dados com maior cobertura espacial do Global Precipitação Climatology Project (GPCP).
Maio
Os mapas mostrados abaixo representam anomalias de precipitação apenas
terrestres e porcentagem de precipitação normal baseada no conjunto de
dados GHCN de estações terrestres.
Pode ter visto padrões de precipitação variados em todo o mundo. Muitas regiões experimentaram condições mais secas do que a média, incluindo partes da América do Norte e do Sul, bem como do norte da Europa, sudoeste da Ásia, sul da Austrália e áreas na Rússia e na China. O sul do Alasca, o leste dos EUA, o norte e o sul da América do Sul, o norte e o sudeste da Austrália e partes generalizadas da Ásia tinham condições mais úmidas do que a média. Dados preliminares indicam que o globo de maio de 2025, aterrissado em média como um todo, teve o mês de maio mais chuvoso no registro histórico, que se estende de 1979 até o presente.
De acordo com dados preliminares do GPCP, a Ásia experimentou seu maio mais chuvoso já registrado, superando o recorde de maio de 2022. A África teve seu segundo maio mais úmido já registrado, após o recorde de 1991. A América do Sul registrou seu 10o maio mais chuvoso, enquanto as regiões do Caribe e do Havaí tiveram seu mês mais seco já registrado.
Fonte: NOAA
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