O Brasil, por sua vez, permanece preso a uma lógica oligárquica que não mudou substancialmente desde o período colonial. A elite nacional parece satisfeita com um modelo econômico baseado na exportação de commodities e na dependência tecnológica, aceitando como natural seu papel periférico. Essa inércia estrutural produz uma economia vulnerável às oscilações externas, incapaz de competir em setores de ponta e permanentemente sujeita às decisões tomadas por outros países. A sobrevivência desse padrão não é fruto do acaso: é consequência da falta de projeto, de visão estratégica e, sobretudo, da falta de vontade política de romper com a subordinação.
Enquanto isso, a China trilhou um caminho inverso. Em menos de meio século, passou de país pobre e agrícola para uma das maiores potências industriais, tecnológicas e militares do planeta. Investiu pesadamente em infraestrutura, controla cadeias produtivas inteiras, desenvolveu tecnologia própria, tornou-se líder em energia renovável e inteligência artificial, e hoje disputa com os Estados Unidos a hegemonia global. Não foi sorte — foi trabalho tenaz, continuidade institucional e determinação.
O novo acordo entre China e EUA, enquanto tarifas prejudiciais ao Brasil persistem, ilustra um dado fundamental: o mundo se move pela força do interesse e da competitividade, não por declarações de boas intenções. A China age onde vê vantagem e retorno estratégico. Os Estados Unidos agem para conter, negociar ou ganhar tempo diante de um rival ascendente. E o Brasil? Fica na arquibancada, lamentando, enquanto sua elite celebra a comodidade de continuar fornecendo matéria-prima barata e importando produtos caros.
O episódio revela mais do que uma disputa comercial: escancara a ausência de um projeto de país. Enquanto nações com ambições globais se adaptam, investem e se reposicionam, o Brasil insiste em repetir velhas fórmulas, ainda preso ao pensamento colonial de que é suficiente “ocupar” o lugar que outros decidiram. Só que, num mundo que muda rapidamente, quem não disputa espaço simplesmente perde.
A comparação entre China e Brasil, portanto, é menos sobre cultura ou destino e mais sobre escolhas. A China escolheu ser potência. A elite brasileira escolheu ser satélite. Os resultados estão aí — e continuarão a aparecer, sempre em desfavor de quem prefere a preguiça estratégica ao trabalho de construir soberania.

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