quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Rio de Janeiro em Guerra: As 130 Mortes e a Falência da Política de Segurança de Cláudio Castro.

Imagem: G1.
 O Rio de Janeiro vive, mais uma vez, o colapso de sua própria tragédia. A recente onda de violência, com cerca de 130 mortes em apenas alguns dias, escancara a falência completa do modelo de segurança pública adotado pelo governo Cláudio Castro — um modelo baseado quase exclusivamente na repressão policial, sem qualquer política consistente de inclusão social, prevenção da violência ou reconstrução comunitária. O que se vê nas ruas é o retrato de um Estado ausente, que só aparece nas favelas por meio do cano de um fuzil.

O discurso oficial do governo, centrado na “guerra ao crime”, tem se revelado um pretexto para operações brutais que ceifam vidas indiscriminadamente, transformando comunidades inteiras em zonas de combate. A lógica militarizada da segurança pública ignora o fato de que as causas da violência no Rio são estruturais — nascem da desigualdade, do desemprego, da exclusão e da falta de políticas públicas efetivas. Ao insistir em uma política de morte, Cláudio Castro reafirma a opção por um Estado que mata antes de escutar, que invade antes de dialogar.

As 130 mortes registradas não podem ser tratadas como “efeitos colaterais” de um suposto combate ao crime organizado. Elas representam o preço de uma política fracassada, que não busca proteger a população, mas sim demonstrar força e controle em meio à barbárie. As favelas continuam reféns do tráfico e das milícias, enquanto o Estado se limita a intervenções pontuais, espetaculares e ineficazes — ações que alimentam o ciclo de violência, em vez de interrompê-lo.

 

Imagem: Agência Brasil

 

A falência do governo de Cláudio Castro não é apenas administrativa; é moral e política. Quando o Estado naturaliza o extermínio de seus cidadãos, principalmente os pobres e negros das periferias, ele rompe o pacto democrático e revela seu viés autoritário. A ausência de políticas de geração de emprego, de acesso à educação, de urbanização e de fortalecimento da cidadania cria o terreno fértil para a criminalidade — e nenhuma operação policial é capaz de resolver aquilo que nasce do abandono social.

O que o Rio vive hoje não é apenas uma crise de segurança, mas uma crise de Estado. A guerra nas ruas é o reflexo de décadas de omissão e descaso, agora intensificados por um governo que aposta na violência como instrumento político e na morte como estatística. Diante das 130 vidas perdidas, a sociedade fluminense precisa questionar: quantas mais serão necessárias até que o poder público reconheça que segurança não se constrói com balas, mas com direitos?

 

Imagem: Jornal da Unesp

 
 
Enquanto Cláudio Castro se esconde atrás do discurso da ordem, o Rio de Janeiro sangra. E cada corpo tombado é a prova de que o verdadeiro inimigo não está apenas nos morros, mas no Palácio Guanabara — onde a inércia, o autoritarismo e a irresponsabilidade política decretaram a falência moral de um governo que já perdeu qualquer legitimidade para falar em segurança pública.

 


 

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