quinta-feira, 26 de setembro de 2019

DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA: A LEITURA A PARTIR DOS INTERESSES DOMINANTES.

   
    A dívida pública brasileira apresentou alta de 2%, ultrapassando R$ 4 trilhões em agosto desse ano, decorrente da emissão de títulos públicos e pagamentos de juros. A notícia foi divulgada pelo portal G1 neste dia 26/09/2019. Desse total, R$ 3,993 trilhões são decorrentes da dívida interna, aquela em que o contrata é feito em moeda nacional, ou seja, os pagamentos e recebimentos são feitos em Real. No entanto, conforme a mesma matéria, 12,14% do total da dívida interna são devidos a estrangeiros, o que equivale a um valor de R$ 474 bilhões. Ou seja, 12,14% dessa chamada dívida interna, que já é um problema enorme para o controle orçamentário do país, dado o seu volume exorbitante, em algum momento se tornará dívida externa, quando da ocasião do retorno dos lucros ao "investidor" estrangeiro. Como detentores dos títulos da dívida pública interna, aparecem em primeiro lugar os fundos de investimento (R$ 1,062 trilhão, 27,15%), seguidos dos fundos de previdência (R$ 945 bilhões, 24,16%) e bancos (R$ 897 bilhões, 22,93%). Esses dados são importantes para clarificar alguns aspectos dos problemas do país em termos de macroeconomia, bem como dos reais vilões na geração e composição do déficit orçamentário. A interpretação do problema é uma questão de interesse, de ponto de vista, de percepção ideológica. Carlos Alberto Sardenberg, comentarista de economia da Globo, um dos porta vozes do mercado financeiro, correu a "explicar" os fatores causadores do problema. A oferecer à sociedade sua "leitura" dos fatos. Conforme Sardenberg, a dívida pública cresce porque o governo tem que buscar no mercado financeiro recursos para financiar o orçamento, deteriorado sobretudo em decorrência do déficit da previdência. É uma inversão dos fatos para inverter a leitura dos reais causadores do problema! Em 2018, 24,48% do orçamento federal era composto por obrigações da previdência social, enquanto mais de 40% do orçamento foram comprometidos com o pagamento de juros e amortizações da dívida pública, num total de R$ 1,065 trilhão de reais, conforme o Site Auditoria Cidadã! Quase a metade do orçamento é destinado para a manutenção dos lucros do Capital Financeiro, que não produz um pé de alface, comprometendo todo o restante dos compromissos da União. Para a manutenção desses compromissos, o governo recorre, novamente, ao mercado financeiro, submetendo o orçamento numa espiral de endividamento, e joga-se a culpa nos compromissos previdenciários, para o qual a sociedade inteira contribuiu para manter! É um malabarismo oratório que se faz, com objetivo bem explícito: não só manter inalterado os lucros ao Capital, garantindo os interesses desse ser mítico que se tornou o Mercado, mas viabilizar a ampliação dos "negócios", ao vender como solução para os problemas criados a entrega dos recursos da previdência para a especulação financeira!
    Vender a falácia da previdência como vilã do desequilíbrio das contas públicas é jogar para toda a sociedade, e os trabalhadores em particular, o ônus de um problema não criado por ela, e lucrar com os males ocasionados pelos interesses hegemônicos de uma minoria.         

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