segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Saldo da balança comercial da China mostra o sucesso de um país que optou por rejeitar os papeis da Divisão Internacional do Trabalho.

Imagem: Paulo Gala / Economia e Finanças.
O saldo da balança comercial chinesa superando a marca de um trilhão — ainda que os números variem conforme metodologia e contexto anual — funciona, no imaginário global, como um símbolo eloquente de uma trajetória econômica que não é fruto de acaso, mas de um projeto nacional de longo prazo. Mais do que estatísticas frias, esse desempenho monumental revela a potência de um país que soube articular planejamento estatal, capacidade produtiva e domínio tecnológico para reposicionar-se no centro da economia mundial.

A chamada “supremacia chinesa” não nasce apenas do volume de exportações, mas de uma estratégia que integrou investimento maciço em infraestrutura, incentivos industriais, educação técnica e inovação, criando um ecossistema produtivo capaz de operar com eficiência em praticamente todas as etapas da cadeia global. Ao contrário de nações que se contentaram em ocupar posições periféricas na Divisão Internacional do Trabalho, a China construiu deliberadamente sua ascensão, combinando pragmatismo político e ambição geoeconômica.

O superávit gigantesco simboliza esse movimento, pois revela que a China conseguiu transformar seu potencial produtivo em capacidade de ditar ritmos e padrões no comércio mundial. Cada contêiner que sai de seus portos reflete décadas de investimentos em manufatura avançada, logística integrada e políticas industriais que não se deixaram constranger por dogmas de mercado. É esse arcabouço que permite ao país avançar na transição para setores de alta complexidade — como semicondutores, energia renovável e veículos elétricos — mantendo competitividade mesmo diante de tensões comerciais e tentativas de contenção por parte de potências ocidentais.

Além disso, o acúmulo de superávits reforça o poder financeiro chinês, garantindo reservas cambiais colossais que servem não apenas como colchão de estabilidade, mas também como ferramenta de projeção internacional. Em outras palavras, o saldo comercial não é um fim em si, mas parte de um mecanismo que amplia a margem de manobra da China no tabuleiro geopolítico, permitindo-lhe desafiar estruturas tradicionais de poder.

Para muitos países, especialmente em desenvolvimento, o contraste é evidente: enquanto alguns aceitaram passivamente o papel que lhes foi atribuído, a China reescreveu sua própria trajetória. O superávit trilionário é, portanto, mais do que um indicador econômico — é a prova de que um Estado capaz de articular visão estratégica, planejamento e soberania política pode alterar a própria posição na hierarquia global.

Se existe hoje uma supremacia chinesa, ela não nasce da retórica, mas desses resultados concretos que se acumulam ano após ano, mostrando que o século XXI tem, cada vez mais, um centro de gravidade deslocado para o Oriente.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

O espetácula da Guerra entre os Poderes da República e uma platéia de não cidadãos.

Imagem: Nexo Jornal
Há momentos na história em que a crise política deixa de ser um conflito institucional e passa a revelar algo mais profundo: a própria falência do vínculo entre povo e poder. O Brasil parece atravessar exatamente esse ponto crítico. A sucessão de choques entre Poder Executivo, Legislativo e Judiciário — cada qual movido por interesses próprios, ambições particulares e disputas por parcela maior do Estado — já não expressa uma defesa da Constituição ou da democracia, mas sim a guerra interna das elites pela condução do projeto nacional. Uma guerra que se tornou espetáculo, exposta em transmissões ao vivo, notas oficiais e discursos inflamados. E, como plateia, o país assiste. Mas assiste como? Assiste como sociedade de não cidadãos.

A noção de “não cidadão” não significa ausência de documentos ou de identidade legal. Significa algo mais profundo: a exclusão material e simbólica do povo das decisões que moldam seu destino. Trata-se de uma cidadania mutilada que só se manifesta no instante do voto, mas é silenciada no intervalo entre eleições, quando as elites travam suas batalhas privadas dentro das instituições públicas. Nas disputas por cargos, emendas, prerrogativas e blindagens, o povo é sempre o ausente — e, ao mesmo tempo, o maior afetado.

Essa condição de não cidadania se expressa de diversas formas. Aparece na falta de participação social real, reduzida a audiências públicas meramente protocolares. Manifesta-se na incapacidade das instituições de responder às necessidades elementares da população enquanto respondem rapidamente aos interesses dos grupos que as ocupam. E revela-se, sobretudo, no distanciamento emocional, no desencanto generalizado e na convicção crescente de que “nada muda”. Quando a política se torna um campo exclusivo das elites, a população deixa de se enxergar como sujeito histórico e passa a atuar apenas como espectadora — muitas vezes indiferente, outras vezes resignada.

O conflito permanente entre os poderes da República, vendido como crise institucional, é na verdade o reflexo dessa ruptura mais profunda. O que deveria ser sistema de freios e contrapesos virou disputa por território, por domínio e por sobrevivência das elites que se protegem e se enfrentam conforme a conveniência do momento. O Legislativo age para ampliar seus privilégios e enfraquecer o controle externo; o Executivo tenta esticar suas margens de ação em nome da governabilidade; o Judiciário, por sua vez, reivindica protagonismo político quando a ordem constitucional parece ameaçada. Nada disso tem relação direta com o cotidiano do povo, mas tudo isso molda sua vida.

O drama central está no fato de que, enquanto as elites guerreiam, a sociedade se acostuma à condição de plateia. Passiva, observa o país ser redesenhado sem sua participação — e por vezes sem sequer compreender em que medida essas disputas afetam sua própria existência. É a naturalização da exclusão: quando se espera tão pouco da política, a política se permite entregar cada vez menos.

O desafio, portanto, não é apenas resolver a crise entre os poderes, mas reconstruir o próprio sentido de cidadania. Significa fazer com que as pessoas deixem de ser espectadoras da história e retomem seu papel de protagonistas; que a participação não se limite ao voto, mas se expanda para mecanismos efetivos de controle social, deliberação pública e democratização do Estado. Só assim a guerra das elites deixará de definir o destino do país. E só assim o Brasil poderá superar essa longa era em que cidadãos foram transformados em não cidadãos — e em que o futuro nacional se tornou palco exclusivo de poucos, assistido pela maioria em silêncio.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Os atos de Davi Alcolumbre são reflexos de um Congresso acostumado a presidentes da República biônicos.

Os movimentos recentes de Davi Alcolumbre no Senado não surgem do nada. Eles são expressão de uma mentalidade que se consolidou no Congresso brasileiro ao longo das últimas décadas e que atingiu seu auge durante o governo Bolsonaro: a lógica de um Parlamento habituado a lidar com presidentes de legitimidade fragilizada, governantes que dependiam profundamente de acordos internos e, portanto, eram tratados como versões modernas de presidentes biônicos.

O bolsonarismo, apesar do respaldo eleitoral de 2018, rapidamente produziu um governo incapaz de exercer liderança política real. A ausência de projeto, a conflituosidade permanente e a incapacidade de construir coalizões transformaram o Executivo numa espécie de ente tutelado, fragilizado, cativo de interesses parlamentares. O chamado “presidencialismo de delegação”, no qual Bolsonaro terceirizou a condução do país ao centrão, permitiu ao Congresso recuperar — e ampliar — uma lógica que remete às práticas autoritárias da ditadura: a sensação de que o Legislativo pode tudo, e o presidente, quase nada.

Nesse ambiente, figuras como Davi Alcolumbre florescem. Sua atuação recente — travando votações, condicionando sabatinas, distribuindo poder em trocas opacas — não é mero capricho pessoal. É o produto de um arranjo que fez do Senado um centro de controle informal do Executivo, sobretudo durante um período em que o presidente da República dependia quase inteiramente da boa vontade dos caciques parlamentares para sobreviver politicamente.

O governo Bolsonaro, ao abdicar das responsabilidades típicas de um chefe de Estado e de governo, deixou um vazio que o Congresso preencheu com voracidade. A normalização dessa hipertrofia legislativa levou muitos parlamentares a agirem como se tivessem mandato para tutelar o Executivo de forma permanente. Assim, práticas que deveriam ser exceções emergenciais se tornaram hábitos: chantagens veladas, boicotes estratégicos, negociações que lembram o exercício de poder de oligarquias políticas, e não de instituições republicanas.

Os atos de Alcolumbre, portanto, não são apenas expressão de ambição pessoal. São reflexo de um Congresso que se acostumou a lidar com presidentes politicamente enfraquecidos — e que, por isso, passou a confundir mecanismos de fiscalização com mecanismos de dominação. O período Bolsonaro consolidou esse padrão ao extremo, reforçando a ideia de que o Parlamento pode, sem pudor, capturar a agenda nacional e usar o desequilíbrio entre os poderes em benefício próprio.

Romper com essa herança é um dos maiores desafios da democracia brasileira. O país precisa reconstruir a normalidade institucional, restabelecendo limites claros entre controle e tutela, entre fiscalização e captura. Enquanto parte do Congresso continuar a agir sob a lógica dos “presidentes biônicos”, a política seguirá refém de caciques e de interesses corporativos, e não dos princípios republicanos que deveriam orientar a vida pública.

sábado, 15 de novembro de 2025

Protestos na COP30: os limites do desenvolvimento sustentável no capitalismo.

A realização da COP30 reacendeu, mais uma vez, o contraste entre a retórica diplomática dos governos e corporações e a indignação crescente da sociedade civil organizada. Os protestos que tomaram as ruas de Belém não surgiram como ruído secundário do evento, mas como demonstração explícita de que amplos setores sociais já não acreditam que as soluções apresentadas dentro das conferências internacionais sejam capazes de enfrentar a crise climática em sua profundidade. A crítica central é conhecida, mas ganha novo vigor: há um limite estrutural para qualquer proposta de “desenvolvimento sustentável” enquanto as economias permanecerem organizadas pelos imperativos do capitalismo contemporâneo.

De um lado, líderes estatais e executivos de grandes empresas reafirmam compromissos de neutralidade de carbono, planos de transição energética e metas de redução de emissões. Do outro, movimentos climáticos, organizações indígenas, juventudes urbanas e pesquisadores denunciam que tais metas são insuficientes, frequentemente baseadas em compensações de carbono pouco verificáveis e em mecanismos de mercado que transferem responsabilidade, sem reduzir efetivamente as emissões. Para os manifestantes, há uma contradição intransponível entre a lógica de acumulação — que exige expansão constante, abertura de novas frentes extrativas e aprofundamento de desigualdades — e a necessidade de conter o colapso ecológico.

Os protestos também revelaram as tensões específicas do contexto amazônico. Belém recebeu a COP30 como símbolo global de compromisso ambiental, mas a região continua sofrendo com o avanço do garimpo ilegal, do desmatamento e de megaprojetos que desconsideram modos de vida tradicionais. As vozes indígenas foram especialmente contundentes ao denunciar que o discurso de sustentabilidade, quando apropriado por governos e empresas, muitas vezes serve para legitimar práticas que mantêm a lógica colonial de exploração de territórios e corpos. Assim, a Amazônia transforma-se em vitrine diplomática ao mesmo tempo em que segue vulnerável ao capital predatório.

A insatisfação dos movimentos sociais não se limita ao diagnóstico ambiental: ela abrange também o modo como o capitalismo neoliberal captura a própria ideia de sustentabilidade. A crescente financeirização da natureza — com créditos de carbono, títulos verdes e portfólios ESG — cria uma ilusão de compatibilidade entre maximização de lucros e preservação ambiental. Entretanto, na prática, tais instrumentos tendem a reforçar desigualdades, privilegiando países e corporações capazes de moldar as regras e deixando comunidades locais com os custos sociais e ecológicos. O resultado é um modelo que promete conciliação, mas mantém intactas as estruturas que alimentam a crise climática.

Os protestos na COP30, portanto, cumprem uma função histórica: tensionam o horizonte político e denunciam que a crise climática não é apenas técnica ou gerencial, mas resultado direto de uma ordem econômica que transforma bens comuns em mercadorias e reduz ecossistemas a ativos. Ao afirmarem que “não haverá futuro possível dentro da lógica atual”, os manifestantes apontam para a necessidade de alternativas que ultrapassem a promessa limitada do desenvolvimento sustentável tal como formulado pelas instituições dominantes.

Em última instância, os protestos mostram que, na disputa entre a sobrevivência do planeta e a manutenção de um modelo econômico baseado na exploração ilimitada, o tempo se esgota rapidamente. A COP30, com toda sua diplomacia e seus consensos frágeis, expõe mais uma vez que a transição ecológica não será alcançada apenas por declarações de boa vontade, mas pela confrontação direta dos interesses que lucram com a crise. É nesse choque que se revelam, com nitidez, os limites do desenvolvimento sustentável no capitalismo — e a urgência de imaginar outros caminhos.

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Resultado da preguiça da elite brasileira: enquanto tarifas contra Brasil persistem, China fecha acordo com os EUA.

A história recente evidencia um contraste que se aprofunda a cada novo movimento geopolítico: de um lado, a elite brasileira, acomodada com o papel subordinado que as potências ocidentais reservaram ao país na Divisão Internacional do Trabalho; de outro, a China, cuja estratégia de desenvolvimento se apoiou em planejamento estatal rigoroso, disciplina industrial e uma clara vontade de disputar posições nos centros decisórios da economia mundial. O resultado, visível há décadas, manifesta-se novamente quando, apesar das tarifas que seguem penalizando produtos brasileiros, Pequim avança e firma um novo acordo com os Estados Unidos — o maior competidor e, simultaneamente, o maior parceiro econômico do gigante asiático.

O Brasil, por sua vez, permanece preso a uma lógica oligárquica que não mudou substancialmente desde o período colonial. A elite nacional parece satisfeita com um modelo econômico baseado na exportação de commodities e na dependência tecnológica, aceitando como natural seu papel periférico. Essa inércia estrutural produz uma economia vulnerável às oscilações externas, incapaz de competir em setores de ponta e permanentemente sujeita às decisões tomadas por outros países. A sobrevivência desse padrão não é fruto do acaso: é consequência da falta de projeto, de visão estratégica e, sobretudo, da falta de vontade política de romper com a subordinação.

Enquanto isso, a China trilhou um caminho inverso. Em menos de meio século, passou de país pobre e agrícola para uma das maiores potências industriais, tecnológicas e militares do planeta. Investiu pesadamente em infraestrutura, controla cadeias produtivas inteiras, desenvolveu tecnologia própria, tornou-se líder em energia renovável e inteligência artificial, e hoje disputa com os Estados Unidos a hegemonia global. Não foi sorte — foi trabalho tenaz, continuidade institucional e determinação.

O novo acordo entre China e EUA, enquanto tarifas prejudiciais ao Brasil persistem, ilustra um dado fundamental: o mundo se move pela força do interesse e da competitividade, não por declarações de boas intenções. A China age onde vê vantagem e retorno estratégico. Os Estados Unidos agem para conter, negociar ou ganhar tempo diante de um rival ascendente. E o Brasil? Fica na arquibancada, lamentando, enquanto sua elite celebra a comodidade de continuar fornecendo matéria-prima barata e importando produtos caros.

O episódio revela mais do que uma disputa comercial: escancara a ausência de um projeto de país. Enquanto nações com ambições globais se adaptam, investem e se reposicionam, o Brasil insiste em repetir velhas fórmulas, ainda preso ao pensamento colonial de que é suficiente “ocupar” o lugar que outros decidiram. Só que, num mundo que muda rapidamente, quem não disputa espaço simplesmente perde.

A comparação entre China e Brasil, portanto, é menos sobre cultura ou destino e mais sobre escolhas. A China escolheu ser potência. A elite brasileira escolheu ser satélite. Os resultados estão aí — e continuarão a aparecer, sempre em desfavor de quem prefere a preguiça estratégica ao trabalho de construir soberania.

domingo, 2 de novembro de 2025

Chacina e aprovação de Cláudio Castro: o papel das igrejas na configuração de uma sociedade fundamentalista e reacionária.

As recentes chacinas ocorridas nas comunidades do Rio de Janeiro, sob a gestão do governador Cláudio Castro, escancaram a face mais cruel de um Estado que naturaliza a morte de pobres e negros em nome de uma suposta “guerra ao crime”. No entanto, o que chama ainda mais atenção é a manutenção de altos índices de aprovação de um governo marcado por tragédias humanas e políticas de segurança ineficazes. A explicação para esse paradoxo passa, inevitavelmente, pelo papel político e ideológico desempenhado por parte das igrejas — sobretudo as de orientação neopentecostal — na consolidação de uma sociedade cada vez mais fundamentalista e reacionária.

Nos últimos anos, setores religiosos deixaram de atuar apenas no campo espiritual para ocupar abertamente espaços de poder e influência política. No Rio de Janeiro, essa aliança entre fé e governo é visível: Cláudio Castro, ele próprio um político ligado a igrejas evangélicas, encontrou nesse segmento uma base eleitoral sólida e fiel. As lideranças religiosas, ao associarem o discurso da “ordem divina” à “ordem pública”, acabam por legitimar a violência estatal e transformar a repressão policial em instrumento moral de combate ao “mal”. Essa retórica, ao mesmo tempo mística e política, reforça uma lógica de inimigos e heróis: de um lado, os “homens de bem”; do outro, os “bandidos”, frequentemente identificados com a pobreza e a negritude.

O resultado é a formação de uma mentalidade coletiva que confunde religião com política, fé com obediência e justiça com vingança. O fundamentalismo religioso cria um terreno fértil para o autoritarismo, pois oferece respostas simples a problemas complexos — e, ao fazê-lo, anestesia a crítica social. Quando pastores e líderes espirituais se tornam cabos eleitorais, o púlpito transforma-se em palanque, e a Bíblia, em arma ideológica. Assim, a violência policial deixa de ser um escândalo moral e passa a ser interpretada como “instrumento divino” de purificação social.

Esse processo é agravado por uma crise de valores democráticos. Em vez de promover o diálogo, a solidariedade e a inclusão, muitos templos reproduzem um discurso de exclusão, culpabilizando as vítimas da violência e fortalecendo uma cultura de medo. Essa dinâmica contribui para a formação de uma sociedade reacionária, na qual o conservadorismo se confunde com fé e a obediência ao poder substitui o exercício da cidadania crítica.

Em síntese, a aprovação de Cláudio Castro em meio a chacinas e tragédias não é um acaso político, mas o reflexo de um projeto de poder sustentado pela aliança entre o Estado e setores religiosos que naturalizam a desigualdade e sacralizam a violência. Combater essa configuração não significa atacar a fé, mas resgatar o sentido emancipador da religião e o valor da democracia laica. Somente assim será possível romper com a lógica do medo e construir uma sociedade verdadeiramente justa, humana e solidária.