domingo, 1 de junho de 2014

A POBREZA DA RIQUEZA

Reproduzo aqui texto de autoria do Senador Cristóvam Buarque, que dispensa comentários.

Por Cristóvam Buarque

   "Em nenhum outro país os ricos demonstram mais ostentação que no Brasil. Apesar disso, os brasileiros ricos são pobres. São pobres porque compram sofisticados automóveis importados, com todos os exagerados equipamentos da modernidade, mas ficam horas engarrafados ao lado dos ônibus de subúrbio. E, às vezes, são assaltados, seqüestrados ou mortos nos sinais de trânsito. Presenteiam belos carros a seus filhos e não voltam a dormir tranqüilos enquanto eles não chegam em casa. Pagam fortunas para construir modernas mansões, desenhadas por arquitetos de renome, e são obrigados a escondê-las atrás de muralhas, como se vivessem nos tempos dos castelos medievais, dependendo de guardas que se revezam em turnos.
   Os ricos brasileiros usufruem privadamente tudo o que a riqueza lhes oferece, mas vivem encalacrados na pobreza social. Na sexta-feira, saem de noite para jantar em restaurantes tão caros que os ricos da Europa não conseguiriam freqüentar, mas perdem o apetite diante da pobreza que ali por perto arregala os olhos pedindo um pouco de pão; ou são obrigados a restaurantes fechados, cercados e protegidos por policiais privados. Quando terminam de comer escondidos, são obrigados a tomar o carro à porta, trazido por um manobrista, sem o prazer de caminhar pela rua, ir a um cinema ou teatro, depois continuar até um bar para conversar sobre o que viram. Mesmo assim, não é raro que o pobre rico seja assaltado antes de terminar o jantar, ou depois, na estrada a caminho de casa. Felizmente isso nem sempre acontece, mas certamente, a viagem é um susto durante todo o caminho. E, às vezes, o sobressalto continua, mesmo dentro de casa.
   Os ricos brasileiros são pobres de tanto medo. Por mais riquezas que acumulem no presente, são pobres na falta de segurança para usufruir o patrimônio no futuro. E vivem no susto permanente diante das incertezas em que os filhos crescerão. Os ricos brasileiros continuam pobres de tanto gastar dinheiro apenas para corrigir os desacertos criados pela desigualdade que suas riquezas provocam: em insegurança e ineficiência.
   No lugar de usufruir tudo aquilo com que gastam, uma parte considerável do dinheiro nada adquire, serve apenas para evitar perdas. Por causa da pobreza ao redor, os brasileiros ricos vivem um paradoxo: para ficarem mais ricos têm de perder dinheiro, gastando cada vez mais apenas para se proteger da realidade hostil e ineficiente.
   Quando viajam ao exterior, os ricos sabem que no hotel onde se hospedarão serão vistos como assassinos de crianças na Candelária, destruidores da Floresta Amazônica, usurpadores da maior concentração de renda do planeta, portadores de malária, de dengue e de verminoses. São ricos empobrecidos pela vergonha que sentem ao serem vistos pelos olhos estrangeiros.
   Na verdade, a maior pobreza dos ricos brasileiros está na incapacidade de verem a riqueza que há nos pobres. Foi esta pobreza de visão que impediu os ricos brasileiros de perceberem, cem anos atrás, a riqueza que havia nos braços dos escravos libertos se lhes fosse dado direito de trabalhar a imensa quantidade de terra ociosa de que o país dispunha. Se tivesse percebido essa riqueza e libertado a terra junto com os escravos, os ricos brasileiros teriam abolido a pobreza que os acompanha ao longo de mais de um século. Se os latifúndios tivessem sido colocados à disposição dos braços dos ex-escravos, a riqueza criada teria chegado aos ricos de hoje, que viveriam em cidades sem o peso da imigração descontrolada e com uma população sem miséria.
   A pobreza de visão dos ricos impediu também de verem a riqueza que há na cabeça de um povo educado. Ao longo de toda a nossa história, os nossos ricos abandonaram a educação do povo, desviaram os recursos para criar a riqueza que seria só deles, e ficaram pobres: contratam trabalhadores com baixa produtividade, investem em modernos equipamentos e não encontram quem os saiba manejar, vivem rodeados de compatriotas que não sabem ler o mundo ao redor, não sabem mudar o mundo, não sabem construir um novo país que beneficie a todos. Muito mais ricos seriam os ricos se vivessem em uma sociedade onde todos fossem educados.
   Para poderem usar os seus caros automóveis, os ricos construíram viadutos com dinheiro de colocar água e esgoto nas cidades, achando que, ao comprar água mineral, se protegiam das doenças dos pobres. Esqueceram-se de que precisam desses pobres e não podem contar com eles todos os dias e com toda saúde, porque eles (os pobres) vivem sem água e sem esgoto. Montam modernos hospitais, mas tem dificuldades em evitar infecções porque os pobres trazem de casa os germes que os contaminam. Com a pobreza de achar que poderiam ficar ricos sozinhos, construíram um país doente e vivem no meio da doença.
   Há um grave quadro de pobreza entre os ricos brasileiros. E esta pobreza é tão grave que a maior parte deles não percebe. Por isso a pobreza de espírito tem sido o maior inspirador das decisões governamentais das pobres ricas elites brasileiras.
   Se percebessem a riqueza potencial que há nos braços e nos cérebros dos pobres, os ricos brasileiros poderiam reorientar o modelo de desenvolvimento em direção aos interesses de nossas massas populares. Liberariam a terra para os trabalhadores rurais, realizariam um programa de construção de casas e implantação de redes de água e esgoto, contratariam centenas de milhares de professores e colocariam o povo para produzir para o próprio povo. Esta seria uma decisão que enriqueceria o Brasil inteiro - os pobres que sairiam da pobreza e os ricos que sairiam da vergonha, da insegurança e da insensatez.

   Mas isso é esperar demais. Os ricos são tão pobres que não percebem a triste pobreza em que usufruem suas malditas riquezas".

sábado, 3 de maio de 2014

VEJA NUNCA MAIS!

   Fui assinante da revista Veja, uma dos vários periódicos do reacionário grupo Abril, por um bom tempo. Minha ideia era a de tentar me manter informado. Pura ilusão! Constatei empiricamente o que já sabia: Veja, e todo o grupo Abril, é uma das revistas mais reacionárias que já vi! Suas matérias não informam ninguém, mas são somente a pregação da visão de mundo distorcida que tem a minoria privilegiada deste país. O geógrafo Milton Santos disse em um de seus textos que numa sociedade complexa como essa em que vivemos, só vamos saber dos acontecimentos na rua ao lado dois dias depois, mediante uma interpretação marcada pelos humores, visões, preconceitos e interesses das agências de mídia. O evento é entregue maquiado ao leitor, ouvinte ou telespectador. Sendo também por isso que se produzem no mundo de hoje, simultaneamente, fábulas e mitos ( Santos, 2003 pág. 40 apud Nora, 1974). Resumindo, nunca mais assino Veja!

terça-feira, 29 de abril de 2014

PSOL PROTOCOLA REPRESENTAÇÃO NO MPE SOLICITANDO INVESTIGAÇÃO NA CULTURA.

   
  O PSOL de Campos dos Goytacazes protocolou hoje no Ministério Público Estadual uma representação solicitando que seja investigada as denúncias do ex-presidente da Fundação Trianon, João Vicente Alvarenga, sobre possíveis irregularidades na gestão da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima. A representação foi protocolada pelo Secretário Geral do Diretório Municipal, Erik Schunk.

QUE DESENVOLVIMENTO?

    Agora à noite, voltando para casa, observei uma pessoa, aparentemente moradora de rua, em baixo de uma marquise na avenida 28 de março, próximo ao Estádio do Americano, com uma criança aparentando ter 1 ano de idade. A situação me chocou, sobretudo considerando a noite fria de hoje. Fiquei pensando como isso pode ocorrer em um país que, como o governo e a mídia gostam de ostentar, é a sétima economia do mundo! Que tipo de desenvolvimento é este, ou a que ou quem ele serve? Fiquei pensando também como pode isso ocorrer em um município como Campos dos Goytacazes, que tem uma das maiores receitas do país! 
    Porque este desenvolvimento econômico não se traduz em desenvolvimento social em nosso país e município? Hoje estava em uma aula de uma Disciplina chamada Desenvolvimento Regional, no curso de Graduação em Geografia na Universidade Federal Fluminense, ministrada pela Professora Doutora Elis Miranda. O foco da Disciplina discute no que se constitui o tão chamado Desenvolvimento de um País ou Região, e como ele se traduz empiricamente. Desenvolvimento se limita ao mero crescimento econômico? Que objetivo guarda um crescimento econômico que não resulte em benefício para o conjunto da sociedade? Essa situação testemunhada por mim hoje se constitui numa denúncia feita aos gritos contra nossa sociedade. Ela não é um evento isolado, mas se soma aos vários fatores que mostram o quão desigual é nossa sociedade. Exemplos como esse fazem do posto de uma das principais economias do mundo, ou de o principal município em termos de recebimento de royalties, ser para nós uma ignomínia.     

segunda-feira, 28 de abril de 2014

PSOL LEVA DENÚNCIAS NA CULTURA AO MPE.

Imagem: Folha da Manha.

Dora Paula Paes

O desabafo do ex-superintendente da Fundação Trianon, João Vicente Alvarenga será levado ao Ministério Público Estadual (MPE). A reação partiu do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). A decisão é  protocolar a denúncia na próxima segunda-feira, às 11h30, com uma representação solicitando a apuração das denúncias feitas João Vicente de possível desvio de recursos da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima para montagem de um estúdio de gravação na cidade.
De acordo com o dirigente do PSOL em Campos, Erik Schunk, as denúncias são “seríssimas e precisam ser apuradas a fundo porque afinal, estamos falando de dinheiro público, tráfico de influência, desvio de recursos e numa cidade onde o transporte é um caos; os hospitais de emergências atendem pacientes no chão e a educação está no último lugar em todo o Estado do Rio de Janeiro”.
A representação dirigida à Promotoria de Direitos Difusos e Coletivos do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro foi preparada pela Defensoria Popular de Campos, e pede a investigação se houve improbidade administrativa: “Os fatos noticiados pelo Blog da Luciana Portinho revelam indícios de corrupção, o que sem dúvidas conduz o erário a prejuízo,  destoando, portanto, do exposto na Carta Magna. Tal fato nos leva a concluir que a administradora pública em questão, a Senhora Patrícia Cordeiro, feriu, em tese, os princípios concernentes ao bom desempenho de sua função, revelando conduta ímproba”, destaca Schunk.
A denúncia, em forma de desabafo, foi publicada em primeira mão, no último dia 21, no Blog de Luciana Portinho, hospedado na Folha Online. Num texto enviado à blogueira, João Vicente revelou que recursos públicos estariam sendo utilizados em atividades privadas “como por exemplo, a montagem de um mega estúdio de gravação que custou altíssimas somas e que deverá ser usado pela oligarquia dominante da democracia goytacá, nas próximas eleições”.
João Vicente foi exonerado da sua função no Trianon pela prefeita Rosinha Garotinho no dia 28 de dezembro, do ano passado. A decisão de levar a denúncia ao Ministério Público foi divulgada em primeira mão pelo blog na Curva do Rio, da jornalista Suzy Monteiro, também na Folha Online.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

MARINA E CAMPOS.

Imagem: Jornal Estadão
     O tempo revela muitas coisas e faz cair máscaras. O apoio de Marina Silva a Eduardo Campos revela que ela sempre foi um engodo enquanto opção para a classe trabalhadora. Uma ex-integrante do PT, com toda sua degradação, apoiar uma pessoa como Campos, francamente! 

TEMPESTADE CAUSA TRANSTORNOS EM CAMPOS.

     A forte tempestade que atingiu a cidade de Campos dos Goytacazes na noite de desta quinta-feira resultou trouxe à tona os problemas tradicionais que enfrentamos nestas condições, que são os históricos pontos de alagamentos. O cruzamento da avenida Alberto Torres com a rua Rocha Leão ficou inundada, com água cobrindo toda a praça Ribeiro do Rosário. Na avenida Vinte e oito de março, na imediação do IFF, também foi registrado alagamento, resultando em transtorno para o trânsito. Além disso, uma árvore caiu próximo à Ferrovia Centro Atlântica em decorrência dos fortes ventos.  

OS DESAFIOS PARA A ESQUERDA.

 

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