O
Capital tem realmente um poder muito grande, que não se pode
menosprezar. São as regras de conduta tornadas hegemônicas, a
moral, sua moral, que não tem nada a ver com aquilo que deve balizar
a moral do ser humano, mas que são alçadas à condição de moral
de toda a sociedade. O Capital tem, ainda, a escola e a mídia,
instrumentos por excelência de propagação do status quo vigente. E
sobretudo, tem a religião, que possui um poder enorme sobre a
consciência coletiva, e através desse
poder se torna um obstáculo efetivo contra toda possibilidade de
surgimento de uma vontade de resistência e mudança da barbárie em
que vivemos. A religião nos entorpece, fazendo-nos crer que o mundo
iníquo no qual vivemos deve ser aceito como normalidade,
pacivamente. É estarrecedor como a religião, onde quer que tenha
existido, se constituiu num instrumento de dominação da maioria
despossuída, alijada da apropriação dos meios de produção
garantindo por meio da dominação das mentes os privilégios de uma
minoria ínfima. Na antiguidade, os reis eram proclamados como
encarnação da divindade. Na Idade Média, os reis, senhores feudais
aos quais centenas de seres humanos deviam obrigação, além de suas
vidas, vontades e manutenção, justificavam seus privilégios e de
toda a casta da corte, as relações sociais de produção, e a
posição das pessoas em relação aos meios de produção, como uma
questão de direito divino. Atualmente, o engessamento das mentes se
dá pela ideia de que esse mundo não nos pertence, devendo
contentarmo-nos as penúrias da vida, sem murmuração e rebeldia,
porque nossa recompensa virá em outra vida. Daí o casamento
perfeito entre religião e Estado, outro instrumento de manutenção
da dominação.
No entanto, o maior estrago para a classe
proletária tem sido feito por aqueles que dizem representá-la. A
atuação dos partidos ditos de esquerda, sindicatos ( a maioria
deles pelegos) e pretensos líderes trabalhistas têm representado
uma verdadeira castração para a consciência coletiva proletária.
O maior exemplo de desserviço prestado é representado, sem dúvida
alguma, pela década de governo do PT. O PT sozinho conseguiu
destruir, em uma década, toda construção no sentido da politização
da classe trabalhadora. Um serviço que nem a ditadura militar
conseguiu lograr êxito. Da mesma forma, muitos dos assim chamados
líderes dos trabalhadores têm atuado, não no sentido da
organização da resistência e da luta contra a exploração
crescente em era de globalização e neoliberalismo, mas objetivando
utilizá-la como trampolim para carreiras políticas que não guardam
nenhuma relação com a libertação proletária. Daí os estrelismos
e excesso de ego tão presentes, e que se tornam um entrave a toda
real possibilidade de gestação de um outro modelo socioeconômico,
que não esteja baseado na exploração alheia.