sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

PRESIDENTE LULA SE ENCONTRA COM REITORES DE UNIVERSIDADES FEDERAIS.


Quando o governo Bolsonaro teve início, eu disse que nós teríamos nossa Idade Média. Cerca de 700 anos após o seu fim na Europa, nós aqui do Brasil teríamos a nossa! A Idade Média teve como principal característica o predomínio de uma leitura supersticial do mundo e seus fenómenos físicos, onde sua explicação se dava a partir da atuação ou reflexão da vontade de seres míticos, sobrenaturais. Uma postura compreensível dado o parco arcabouço das nascentes ciências. Nesse período da História, toda e qualquer explicação que tivesse qualquer fundamentação diversa das concepções teológicas era considerada heresia pela Igreja, então um ator sociopolítico fundamental. 
E foi exatamente por essas semelhanças  características que eu havia classificado o período que se abria em nossa História como o alvorecer de nossa anacrônica Idade Média. Da mesma forma que na Europa dos séculos XII, XIII ou XIV, o governo Bolsonaro teve como marca mais distintiva a completa aversão a toda forma de conhecimento, de Cultura e, sobretudo, uma desmedida aversão ao conhecimento científico. E, como consequência, uma profunda indiferença para com as Universidades, espaços por excelência da Ciência. Da mesma forma que na Europa medieval, era a superstição que ditava as formas de explicação ou perspectivas. Para o combate à pandemia da COVID-19, por exemplo, era suficiente pedir o auxílio à forças sobrenaturais, ou acreditar em remédios sem nenhuma evidência de eficácia comprovada. O desleixo, o abandono e o sucateamento foram os reflexos de um governo que literalmente dava as costas para o conhecimento científico. 
O fim do governo Bolsonaro tem para nós aqui no Brasil um sentimento de, conforme na Europa dos séculos XV ou XVI, alvorecer de Era das Luzes, de fim da Idade das Trevas. E como consequência uma outra postura, de respeito, pelo menos, para com a Ciência. Em que pese o deficiente orçamento que o Brasil, desde sempre, concedeu para um adequado desenvolvimento científico em bases nacionais, ao menos há, ou retornamos a ter, uma relação, ao menos, civilizada para com a Ciência e as Universidades. E foi essa a leitura que fiz do encontro entre o presidente Lula e os reitores de Universidades e Institutos Federais, ocorrida nessa semana. Para mim, aluno egresso da Universidade Federal Fluminense, foi motivo de orgulho vê-la representada nesse encontro que pode ser o início da consolidação nossa Idade Moderna, com uma sociedade fundamentada menos em mitologias e superstições, e mais na ciência.

Foto: redes sociais da UFF.

Um comentário:

OS DESAFIOS PARA A ESQUERDA.

 

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